Terapia - Muitas Vidas

O andar da carroça

João anda meio esquisito. Eu acho. Meio desacreditando de como as coisas estão andando. Fruto da sua ansiedade? É possível.

Acostumou-se a andar de foguetes e agora tem que caminhar com um cajado na mão, como se fosse um andarilho, no meio de uma trilha que não sabe onde vai chegar. Até criou um perfil no tal do Instagram: arroba.velhoandarilho.

Os remédios até que, de certa forma parecem que o estão ajudando. Estas últimas três noites conseguiu dormir bem. Pode até ser pelo cobertor que o cobria e a calça comprida. Mas essa noite não usou nada disso e dormiu 8h30 direto, sem intervalos para um velho xixi amigo.

O que é para "segurar as ondas" que acontecem durante o dia, às vezes, dá uma engasgada e ele perde o controle, como tem me contado.

Ainda bem que encontrou uma fada madrinha para cuidar dele com acupuntura. Isso é o que está dando melhor resultado pois tem conseguido até mudar o humor e o estimulado a "se divertir" como foi orientado pelo psiquiatra.

Da imobilidade dos dois últimos anos e sem vontade pra fazer nada que não fosse necessário à sua sobrevivência já consegue "ir para a rua". Tem ido fazer suas comprinhas básicas, esticando o caminho. Nos finais de semana, sábados ou domingos, tem ido caminhar na beira do mar. Não o tamanho do caminho que pretende, mas como diz o pessoal do AA, uma vez de cada vez...

Pegar o sol e sentir o cheiro do mar tem ajudado ele a se sentir um pouco mais confortável para encarar o que tem tido para viver.

Claro que não é só isso pois, como tantos os especialistas em autoajuda que brotam de todos os cantos possíveis, esse trabalho de cura precisa partir de dentro de casa um. Mas NINGUÉM te diz como faz para entrar em si mesmo e começar a faxinar, a jogar os lixos fora...

Fiz esta pergunta para o meu terapeuta. Ele ficou com cara de "não sei o que te falar"... Foi um chute nas bolas. Gemi, chorei, tive ânsias de partir para cima dele, de gritar mas dona Prudência, que sempre me acompanha mesmo que ninguém a veja, me segurou e tapou minha boca. Enfia a língua no ...! E eu "mudei o foco" como me ensinou a fada madrinha: quando uma coisa te incomode, mude o foco. Pense noutra coisa.... E, mais recentemente, um conselho do velho conhecido dos espíritas, Chico Xavier: "quando tiveres vontade de agredir verbalmente alguém que não te falou o que queria ouvir, encha a boca de água. Mas não engula enquanto não te acalmares." Ou mais ou menos isto. Agora, ando com uma garrafinha de água por onde ando...

Tem mais coisas ajudando essa carruagem a andar? Sim, claro que existirá sempre uma procura por alguma coisa diferente da tradicional dupla psi-psi: a velha e segura mãe de todos nós! Sábia senhora, que a cada conversa descubro algum conhecimento que nunca imaginei que ela tivesse. Pode ser até que dona Prudência ande soprando no ouvidinho dela as coisas que eu preciso ouvir para me fazer pensar (coisa que eu pensava que fosse feito pelo terapeuta). E como tem virado gatilhos (como os jovens falam hoje em dia) para eu ir me desvendando. Então, se você está assim meio pra baixo, puxe um assunto com sua mãe. Elas sempre serão nossos anjos da guarda criados pelo Deus que você acredite, ou não, cuidou de fazer tudo isto que temos nesta casa para viver.

E, para finalizar por hoje, a pergunta que cada um deveria responder, comentando aqui: A tua carroça faz barulho? Estou aguardando as respostas...

Acabou meu tempo por hoje. Ou, por esta vez...