Um dia com Deus

1 0 0
                                    


Quase todos os dias, agora, João sai para fazer alguma coisa na rua. Ainda não voltou ao hábito das caminhadas matinais. Mas vai andar algum tempo, saindo da prisão que a vida nos impôs para pensarmos nas nossas vidas.

Ontem, caminhava com a cabeça um pouco fora do corpo, quando viu José (ele o batizou como José). Ao passar por ele, sempre a atitude que Jesus o ensinou: mão direito imposta na direção da sua fronte e do coração mandando um fluxo de energia amorosa.

E ouviu José resmungar, como de um outro dia que precisou de um motorista do ponto de táxi puxar José, que aos gritos o chamava de miserável de nunca lhe dar dinheiro para comer.

Ontem tudo voltou à cena mas de forma diferente.José permaneceu sentado e olhar fixo aos olhos de João.

Porque você me cobra de te dar dinheiro ou comida? Eu não tenho obrigação. Esmola, ajuda, é caridade, é coisa que sai de dentro da gente e não uma coisa que se faz sendo constrangido ou ameaçado.

Sabes porque vocês assim? Já conversasse com Deus nas horas em que estás aí sentado e não passa ninguém ou passam muitos e nem um pouco de amor te deseja?

Eu não acredito nEle. Só acredito no diabo!

Está aí um dia muitos motivos porque estás aí sentado à espera de alguém te fazer a caridade de um dinheiro para comprar um prato de comida.

Conversas e vencerás o que te tira ao invés de conversar com quem pode te dar! Estás errado, irmão.

Ele, parecia cristalizado mas murmurou: tem horas que dá vontade de voltar pro crime...

Porque?

Porque eu como bem...

Sim, é possível. Mas até que sejas alvo da bala de um policial. Já passou o tempo em que os bandidos andavam mais armados que os policiais. Hoje, os homens das Leis tem armas mais poderosas. E não apenas nas mãos ou nos carros: hoje tem motos que dão a eles mais mobilidades. Tem helicópteros e muitas outras armas que vocês desconhecem.

Mas, se eu for preso, vou comer todos os dias três refeições, vou alimentar meu corpo...

Aí vou te dar razão. E João estendeu a mão e apertou a de José, mas completando: e a família ainda ganha mais do que a de muitos que foram assaltados ou mortos por quem estará lá.Estás vendo a desigualdade? Mais um motivo por não pensares e conversarem com Deus, de não pedires orientação para saíres desta vida miserável. Cara, existe muitas formas de saíres dessa posição comida de ficar pedindo e reclamando.

Mas João estava se atrasando para seu compromisso. Mas abriu a carteira e deu o dinheiro para ele comprar a comida mas o alertou: é para comida, não para fazer merda!

E saíram os dois, João e José conversando.

João lhe perguntou se queria saber porque ele não dava esmolas nas ruas.

Quero sim.

E João contou o episódio de quando ele tinha apenas 5 anos: o pai parou no caminho e deu esmolas para um pai que carregava uma penca de filhos e disse que não tinha como alimentá-las. Ao voltar para casa deparou-se com eles sentados numa mesa de uma birosca. Parou seu carro e foi até a mesa: apenas garrafas de cerveja!!!! Então esse é o alimento que dás aos teus filhos? Mas nem esperou a resposta. Voltou à direção do seu carro e foi para casa.

Hoje em dia, João faz suas caridades nas Casas de Acolhidas, nos Hospitais e Alma ou até mesmo, na rua como ao José ou à outros.

Terapia - Muitas VidasWhere stories live. Discover now