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Viviane

Aquele tapa na cara da semana passada foi o cúmulo pra mim, viver nessa casa não da mais, não mesmo! Eu verifiquei o dinheiro guardado que eu tinha e não era nem suficiente pra alugar uma kitnet ainda, então terei que aguentar mais.

Estou basicamente vivendo, curso, trabalho, e o que tempo que venho pra casa eu só fico no meu quarto, só desço mesmo quando não tem ninguém ou quando não tem jeito nenhum. Faltava somente mais 1 semana pra chegar o fim do mês e minha mãe tem lutado pra conseguir pagar, se dei 200,00 foi muito, eu não ia tirar do meu curso pra dar pra ele, mesmo sabendo das consequências e o que isso afetaria a Laura, tomei ódio.

Ela iria ficar mal caso alguma coisa acontecesse com ele, porém iria superar e quando crescesse Laura iria compreender isso, ou não.

Hoje eu trabalhava até as 22hr então minha mãe tava em casa com a Laura e eu no trampo.

Keila: pra vê você só aqui né? —chegou junto com a Camila.

Viviane: é filha, tá corrido demais.

Camila: e a Laura tá bem? Se nem leva ela mais lá em casa.

Viviane: ultimamente nem tá dando, ou eu fico em casa ou minha mãe tá lá.

Camila: e aquele negócio do teu pai? Resolveu?

Viviane: não, ainda temos mais uma semana.

Keila: maior sacanagem tua mãe ter te batido.

A dona da lanchonete veio na nossa direção e as meninas pra disfarçar pediram umas coisas pra comerem.

Keila: bora brotar no bailinho, hoje?

Viviane: tá chamando logo eu? —ri.

Keila: é sério pô, uma curtição.

Viviane: tá doida? Saiu aqui as dez e meia, já vou chegar em casa super tarde, quem sabe outro dia pô.

Camila: outro dia o que? Se sempre fala isso, mas ainda vou te arrastar pra lá. Pode fumar aqui?

Viviane: só cigarro, mas lá na parte externa.

Camila: qual preconceito com minha erva?

Viviane: regras da dona da lanchonete, maconheira.

Camila: me respeita, o sua virgem.

Keila: virgem não, quase virgem.

Viviane: vai se fode as duas. —elas riram.

Camila: nunca vi uma quase virgem.

Keila: também não, novidade na quebrada. Você só vê isso aqui na rocinha né bebê.

Viviane: deixa eu trabalhar que eu preciso disso.

Dia aqui foi super puxado, como era sexta, vários pessoal passava aqui pra comprar dose, cigarro, esquecido ou até mesmo alguma coisa pra comer. Dei graças a Deus quando deu meu horário, eu limpei o que tinha que limpar e sai pegando minhas coisas, entrei em casa vendo a tal da família feliz, Laura me olhou e veio correndo me abraçando.

Laura: vivi, se demorou pra caramba.

Viviane: trabalhei o dia todo amor, tá tudo bem?

Laura: sim.

Ela me soltou e saiu pra brincar, minha mãe me avisou que tinha janta, entrei eu subi pra tomar um banho e quando desci pra jantar, ele nem estava mais aqui em casa. Terminei a janta e deixei na pia, só tinha dois pratos lá.  Fiz os negócios do meu curso e me deitei na cama, peguei no sono rapidinho.

Acordei assustada ouvindo uns gritos e levantei rápido, olhei pros lado e não vi a Laura na minha cama. Na hora eu abri a porta correndo e fui pro quarto da minha mãe, a Laura estava pelada e ele por cima, mexendo na intimidade dela. Na hora eu fiquei puta, catei um perfume que estava ali em cima e taquei na direção dele, empurrei ele de cima dela.

Viviane: se veste e sai na rua Laura, pede ajuda. Corre. —falei a bichinha levantou assustada colocando a roupa.

Ele me empurrou com tudo e veio da cima de mim, só sentir a dor do soco na barriga e eu caí. Ele ia atrás da Laura, mas eu me levantei rápido e empurrei ele, pulei por cima e comecei a bater nele de qualquer forma, nem sabia direito o que estava fazendo, mas só de imaginar o que ele iria fazer, me enchia de raiva e era combustível pra mim bater nele. Mesmo ele me batendo igual, eu não abaixava a cabeça.

Geraldo: por sua culpa eu ia usar ela, a garota ia tomar a dor que você deveria.

Viviane: você é louco, nojento.

Geraldo: você vai ver quem é louco sua piranha, se sabe que sua mãe vai mandar você embora e vai ficar sem ter aonde morar. Aí quero ver quem vai proteger a Laura.

Viviane: se eu sair daqui, a Laura vem junto. —falei e chutei o saco dele.

Parecia que ele nem sentia nada, deve ter usado tanta droga, que não importasse o quanto eu batesse, ele sempre iria ter mais força e me bater mais ainda. Já tava quase perdendo a consciência, quando ouvi um grito e do nada umas vozes, não reconhecia voz alguma, a não ser aquela única voz.

Fran: o que aconteceu aqui? Você tá bem Geraldo? —senti uma puta dor no peito ouvindo aquilo.

Ia falar alguma coisa, mas apaguei na hora.

Destino traçado Onde as histórias ganham vida. Descobre agora