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Jogador

Um único bicho no mundo todo que eu jamais vou entender é mulher. Curti o fim de semana a beça com aquela doida, mas aí a garota começou a ignorar minhas mensagens desde que chegou, maior neurose.

Eu não fiz nada, consciência limpa demais e por isso não vou nem me dar ao trabalho de ir correr atrás dela, não mesmo.

Boquinha: aí chefe, tudo suave. Acabei meu plantão e tô guiando pra casa, jaé? —neguei— que foi?

Jogador: na reunião lá os cara falou umas parada que me deixou intrigado. Foi uma menina lá no São Carlos, perguntando por mim. Tu acredita? Logo por mim, nem lá eu ando.

Boquinha: tu já foi lá e você sabe, pode ser alguma garota interessada em você.

Jogador: tá, primeiro essa mulher e agora fiquei sabendo que enquanto estive fora teve 2 carros pretos andando pela entrada no morro pela madrugada. —a expressão dele mudou— porque tu não me disse nada?

Boquinha: porque tu sabe que eu não gosto de trazer problemas a você, já tô puxando todo fundamento do carro e tentando achar alguma coisa. Assim que eu encontrar, eu te mostraria.

Jogador: da próxima eu quero ser avisado assim que as coisas acontecer. Quero atenção redobrada na entrada e na parte de trás do morro. Agora qualquer pessoa que suba aqui pra turismo, tu vai puxar o fundamento.

Boquinha: isso vai da maior trabalho, mas beleza.

Jogador: tem merda das grande vindo aí Boquinha e eu quero ficar atendo a tudo que acontecer.

Boquinha: amanhã resolvo isso, tô morto de verdade. Cuidar dessa porra não foi fácil não.

Jogador: pode ir, se tu ver o Pt aí fora manda ele entrar.

Boquinha: beleza.

Ele saiu e depois de minutos o Pt entrou com a maior cara de acabado. Desde que voltamos de viagem botei ele pra trabalhar mesmo, cara foi responsa lá e eu queria vê se hoje ele seguraria a bronca aqui.

Mesmo cansado depois de horas de plantão, ele tava atento a tudo.

Pt: chamou?

Jogador: senta aí. —assenti meu baseado.

Pt: oito horas da manhã e tu nessa de baseado.

Jogador: tá dando de papai agora? Queria falar contigo, papo sério.

Pt: solta a voz, paizão.

Jogador: tu tá sendo responsa pra caralho, tô te filmando de uns tempos já. Tu tá merecendo subir de cargo —ele já sorriu animado— mas aí, se tu ramelar, já desce de novo. Quero que você cuide do branco agora.

Pt: e o Bebezão?

Jogador: vou mandar ele pra outro morro, aqui ele não tá servindo mais. —ele assentiu feliz— qualquer vacilo, tá fora.

Pt: vou decepcionar você não cara, tu vai ve.

Jogador: pode ir pra casa descansar, tá feio pra caralho. —ele murmurou "se foder" e saiu.

Fiz algumas contas aí, pelo menos eu tentava né, meu pensamento só estava em tudo que tava acontecendo. Fazia tempos que meu morro estava em paz, aí agora vem 2 carros rondando aqui e uma garota atrás de mim? Sem lógica nenhuma.

Sai da boca e me bati com a Alessa, mandada tava vindo aqui direto, tava nem entendendo. Já cheguei perto dela e puxei pelo braço.

Alessa: amor? —sorriu safada, muda nunca pilantra.

Jogador: tá fazendo o que aqui? Te conheço, não viria aqui à toa não Alessa.

Alessa: relaxa aí bebê, mundo não gira ao seu redor não. Tô bem distante de arrumar confusão, só tô vindo pra ver meu namorado.

Jogador: quem é?

Alessa: quem é o que?

Jogador: o cara.

Alessa: tu já não devia se importar pra quem eu tô dando, coe. A não ser que queira um tbt.

Jogador: tu é safada demais, coitado do cara, sofredor viu. Quem é ele? Fala ou da próxima vez que tu subir, não desce mais.

Alessa: é o Hiago, barbeiro.

Jogador: papo reto? Tu dando pra trabalhador. —eu ri— se eu catar que é mentira ou qualquer passo falso, tu paga com a vida. —foram as únicas coisa que falei e sai.

Não estava bravo ou querendo saber quem é o cara por ciúmes, eu só precisava ir a fundo nisso, saber se era real mesmo, se ela tinha mudado ou não, pouco me importava. Mas com tudo que tá acontecendo, eu tinha que ficar atento.

Jogador: quero saber de tudo sobre ela —falei pro X2– onde mora, com quem mora, por onde anda, tudo sobre o cara que tu corta o cabelo. Quero saber sobre o relacionamento deles, desde quando que é. Até o fim dessa semana. —falei impaciente e sai.

[...] tava deitado largado no sofá olhando o celular e esperando pelo menos um sinal da Viviane, o que deve se passar na porra da cabeça dessa garota?

Quando meu celular vibrou eu peguei rapidão esperançoso mesmo, parecendo um adolescente emocionado. Minha cara rachou quando eu vi que era só a Luana falando pra mim ir lá, urgente.

Eu na maior calma tomei meu banho, coloquei meu kit de frio, porque tava um friozinho brabo e ainda chuviscando.

Jogador: que é? Tem ninguém morrendo aqui não? —entrei em casa brincando, mas assim que vi a Viviane, minha mãe, Luana e o filho da puta do X2 na sala eu fechei a cara— que porra é essa?

Michele: porra uma buceta! Olha o palavrão na ninha casa, não gosto. —se estressou, coroa tava nervosa por nada pô.

Jogador: já soltem a voz, sou otario não. O que tá pegando?

Michele: tu que vai abrir a boca Luana?

Já tava até imaginando, a otaria ainda teve a audácia de começar a namorar com ele, vai ser corna.

Luana: melhor não mãe fala tu.

Jogador: porque ela tá aqui também? Tô entendendo nada. —olhei pra Viviane que desviou o olhar.

Michele: vou ser bem direta, Luana tá grávida.

Aquelas palavras entrou na minha cabeça e a única reação que tive foi rir, mas eu ri muito alto, gargalhei mesmo. Essa porra só podia ser piada, porque se fosse verdade o bagulho aqui ia ficar louco.

E agora fazia sentido a presença da Viviane, trouxeram ela pra tentar me controlar.

Destino traçado Where stories live. Discover now