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Viviane

Ruan escutou a mãe dele falando quietinho, abriu a boca momento nenhum até agora. Eu tava meio em choque ainda sabe? Por um momento quando o Boquinha me olhou daquele jeito, eu jurei que ele estava morto.

E te falar, aqueles segundos foram horríveis. Tanto que quando entrei naquela sala contra o gosto do Boquinha, eu nem me importei em ver a casa cheia de sangue, so fiquei mais calma de saber que ele estava respirando.

Michele: Eu to indo embora, mas você se cuida e sossega em casa, se eu ver você na rua, faço passar vergonha.

Jogador: falando a beça aí dona Michele, perguntou em momento nenhum se tô bem, se tá doendo. Tô nem entendendo a senhora. Minha cabeça também tá explodindo. —se ajeitou no sofá.

Michele: tenho que falar mesmo, mesmo você não dando ouvido, porque parece que falo com a parede. Tô indo Vivi, qualquer coisa me liga, tá? —concordei.

Pedi pro Boquinha ir buscar uma peça de roupa pra mim lá na minha vó, ele reclamou, mas foi.

Viviane: pedi tanto pra você não ir cara, olha aí como tá.

Jogador: sem aperto na mente papo reto, você e minha mãe parecem que vivem no mundo da lua pô. Sou envolvido e essa vida é assim mesmo, foi só um tiro.

Viviane: só um tiro? Eu fiquei preocupada com você, achei que você ia morrer e tu aí, fazendo pouco caso.

Jogador: você me conheceu nessa vida Viviane, sabia que sempre ia ter essas paradas pô. Já falei várias vezes contigo sobre isso.

Viviane: e eu achei que estava pronta pra essas situações, mas não tô não. Passei um nervoso do caralho. —abaixei meu tom de voz lembrando que a Sofia ainda estava aqui em casa— Quando eu cheguei nessa porta e o Boquinha não quis deixar eu entrar, eu jurei que você já estava morto, meu coração parou e eu fiquei com medo, nunca tinha me sentido assim.

Jogador: mas eu não tô morto não. —ele se levantou— eu evito botar a cara nesses bagulhos, mas tem vez que vai ser assim mesmo, vou tem que brotar e é isso. Eu sou bandido, vou correr riscos todos os dias, não sei nem se amanhã vou estar vivo.

Viviane: não fala assim....

Jogador: mas é a realidade pô, só que mesmo sabendo que eu posso morrer a qualquer hora, eu nem penso nisso, eu deixo de lado e aproveito o momento, aproveito a vida, tá ligado? Não adianta você, minha mãe e nem o papa vim me dar sermão agora, já tô nessa vida e não tem como sair não. —suspirei e ele me olhou passando a mão na barba— entendo sua preocupação, amor, mas tu tem que ter a consciência que essa é minha vida, tá ligado? E tu sendo minha mulher, acaba virando a tua também. Se tu tiver disposta a entender e enfrentar os bagulhos comigo, é noís, mas se for demais pra você, pode meter o pé, antes que seja tarde.

Ele saiu, provável que pra tomar banho e eu me sentei no sofá, respirando fundo.

Minha vó me avisou tantas vezes os riscos que ele correria todos os dias e eu por aceitar estar participando na vida dele, me envolveria nisso tudo. E eu quis mesmo assim entrar de cabeça e tudo nessa relação, porque eu amo ele. Por mim ele bem que podia sair dessa vida, recomeçar do zero, que seja! Só que já caí nesse assunto com ele, o mesmo nega, diz que entrou e não sai mais. Eu até parei de falar sobre, já que toda vez ele fica puto.

Boquinha: aí mandada, tua bolsa. —abriu a porta e eu fui buscar— tua vó que fez, disse pra você mandar notícias. —concordei.

Viviane: valeu, mordomo.

Boquinha:debocha mais, próxima vez tu fica sem roupa aqui. —mostrei o dedo e ele riu— se bem que mais tarde tu vai estar sem mesmo.

Viviane: some daqui vai. —ele me deu um beijo na testa e saiu.

Já era tarde, então eu falei pra Sofia ir pro banho, auxiliei ela e depois deixei a mesma deitada no quarto assistindo. Ela ficava sozinha já, parecia até uma mocinha.

Viviane: quer alguma coisa? Vou tomar banho. —entrei no quarto vendo ele deitado sem camisa e mexendo nas faixas do curativo.

Jogador: essa porra do curativo, maior treta pra fazer, se foder. —reclamou.

O tiro tinha sido na barriga, então ele realmente precisava ficar em repouso absoluto né, mas quem disse que para deitado?

Limpei o local e depois refiz o curativo, deixei os remédios do lado da cama e uma água pra ele. Tomei meu banho bem geladinho e depois deitei do lado dele.

Viviane: eu entendo que essa é sua vida e que você a qualquer momento tá correndo risco, eu te conheci assim e te quis assim. Mas você também tem que entender a minha preocupação, quando eu falo não é por mal, é porque eu não quero perder você.

Jogador: tu não vai me perder, não por enquanto. A gente nem botou uma cria nossa na pista ainda. —dei risada— é sério pretinha, tu vai me aturar muito. A gente vai ter uma pá de filhos, vamos ter nossa casinha e vamo viajar pra caralho, só eu e tu. —sorri e me aproximei pra dar um beijo nele.

Viviane: eu tô contigo nessa e tô disposta a enfrentar tudo com você Ruan, porque eu te amo, garoto. Mas olha, tu vai tem que me aturar surtando sim, porque eu jamais vou me acostumar a ver você em perigo e ficar tranquila. —ele riu baixo.

Jogador: tu pode surtar a vontade pô, mas eu prometo pra tu, não vou morrer não, não agora. Antes de ir eu vou deixar a porra de um legado aqui, deixar um menor com a minha cara e com tua inteligência pra comandar essa favela. —ele puxou meu queixo pra perto e me deu um selinho— eu te amo maluca.

Viviane: eu também te amo.

Destino traçado Where stories live. Discover now