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Luana

Tava falando com Caíque pro celular, ele já estava em missão e voltava somente amanhã e eu fiquei cheia de saudade dele.

É errado, mas era pra ser sem compromisso, tô me apegando demais. Nunca dei abertura pra nenhum cara como dou pra ele. Até porque nunca me permitir conhecer alguém e realmente ter um lance, isso por conta do Ruan.

Uma vez ele descobriu até um cara que eu ficava e simplesmente depois de 2 dias que ele soube, o menino sumiu. Depois disso nunca mais tive um carinha com quem eu ficasse várias vezes, conversasse e tudo mais.

Me despedi da Rayla, e continuei subindo a rua. Até escutar uma vaca fazendo "muu".

Carol: ala a piranha, marmitinha. —falou.

Parei, olhei pros lados, olhei pra trás e por fim pra ela.

Luana: falou comigo?

Carol: contigo mesmo, pirralha. —levantou— 16 anos e já gosta de catar macho casado né, vamo vê se tem disposição pra bater de frente.

Luana: casado? —ri debochando— vocês terminaram há alguns meses já, acho melhor superar. —sorri pra ela— ex mal amada ninguém aguentar, amor. Troca o disco e vai atrás de outro, alguém que te queira. O que é difícil né, rodada, mal amada, barraqueira, sem postura, tá toda acabada amor. Tenta sorte, talvez alguém te queira. —sorri vendo ela com a pior cara do mundo.

Ela veio voando pra cima de mim e eu bati igual, comigo não tem essa de bater tapinha não, tem que saber troca soco.

A gente tava se quebrando legal, eu cega de ódio. Eu batia bem, mas ela não ficava por baixo. Também, sempre vivia caindo na porrada com as mina que o Caíque pegava.

[....] desci da moto puta e o Pt me olhou rindo.

Luana: que é Patrick?

Pt: Pt Luana, Pt. —falou serinho— tudo isso pelo X2 pô, se liga.

Luana: não foi por ele, tenho cara de quem briga por homem? Foi porque ela me chamou de piranha, e piranha é aquela vadia, mal amada. —ele só sorriu de lado.

Michele: passa pra dentro Luana, e cala a porra da boca. —gritou.

Uma coisa que minha mão não suporta é que eu faça briga na rua, isso jamais, por isso nunca fiz, primeira vez. Mas sei que ela nem tá brava pela briga, certeza que o arrombado do Ruan já foi falar bosta.

Michele: Eu sempre te falei Luana caralho, sempre te falei que não queria você com bandido. Você escutou? Hein? Abre a boca Luana. —gritou.

Luana: não da pra fugir quando se vive na droga de um morro.

Michele: não da? Pelo amor de Deus, tanto de garoto honesto aqui e você frequenta a pista, não conhece ninguém por lá? Não vem me dizer que não da porque é desculpa!! E você falando que tudo era culpa do seu irmão. Você tem noção da porra do peso das palavras?

Luana: e não é? Tudo que aconteceu naquele dia é culpa dele. —ela deu um tapa na minha cara.

Michele: você para, só para Luana. —gritou— chega de ser minada e ingrata, aquilo ocorreu e ele te salvou, ele te ajudou! A culpa jamais foi dele. Se hoje nós temos o que comer, aonde morar e tudo o que você tem, é graças ao Ruan. —fiquei de cabeça baixa.

Ela veio e levantou meu rosto me fazendo olhar pra ela.

Michele: quando você quer algo, pra quem voce corre? Quando quer dinheiro, quando quer sair, quando quer as coisas, quando precisamos de algo aqui. Pra quem a gente corre? Fala porra, abre a boca agora caralho.

Luana: Ruan. —falei baixo— mas isso não muda o fato que aquilo é culpa dele.

Ela catou o chinelo e deu com tudo nas minhas pernas, enquanto gritava comigo e eu só ficava calada tentando me proteger com as mãos.

Michele: para de ser ingrata caralho —parou de me bater— a culpa não é dele inferno, eu sei que foi difícil pra você, mas não é culpa dele. Tanto que ele te ajudou quando você precisou. Da o seu celular e sobe pro seu quarto, vai.

Luana: meu celular não, mãe.

Michele: vai logo, ainda vou devolver pro Ruan, já que você insiste em botar a culpa nele, não tem pra que ele te dar as coisas. —eu dei o celular pra ela— sobe agora.

Subi cheia de raiva, olhei no espelho e minhas coxas e meu rosto estavam vermelhos. Não me arrependo nenhum um pouco do que disse, não mesmo! Pra mim a culpa de eu ter sido sequestrada e estuprada foi dele sim, se ele não fosse bandido não teriam me sequestrado e feito o que fizeram comigo. Eu era uma criança, uma criança de 12 anos

Acham que quem tá certo nisso?

Destino traçado Onde as histórias ganham vida. Descobre agora