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Viviane

Paulo: Vivi, a Dandara está lá dentro querendo falar com você.

Viviane: tá bom, vou recolher minhas coisas e já vou!

Paulo: deixa aqui, pegar ônibus lotado com isso tudo vai ser péssimo! Eu levo amanhã na tua casa, vou estar pela rocinha!

Viviane: beleza.

Arrumei minhas coisas e deixei num canto. Tava com o coração apertadíssimo de quem parar de trabalhar. Não era o que eu queria de jeito nenhum.

Viviane: queria falar comigo, Dandara? —entrei na sala vendo os seus olhos vermelhos e a cara de choro— está tudo bem?

Dandara: vou ficar. Só vim te alertar sobre sua amiga, a Keila né?

Viviane: como você conhece ela?

Dandara: descobri que ela tinha um caso com meu marido. —sorriu sem mostrar os dentes— bom, mas não é sobre isso que vim falar. Só queria dizer pra você abrir o olho com ela, peguei uma mensagem dela com o meu ex marido na verdade e ela dizia pra ele demitir você, que queria ver você sem nada. Eu tirei print, se quiser envio. Só acho que você precisava saber disso, por ser uma menina especial.

Fiquei de cara, mas mais uma vez não estava surpresa. Acho que a vida já me mostrou tantas vezes que a Keila nunca foi uma amiga de verdade e eu sempre anulando isso, mas uma hora eu tinha que acordar né?

Sou super da paz, mas quando li os print dela falando pra ele que eu tinha que ser demitida pra ficar sem renda nenhuma porque aos poucos ela ia acabar comigo. E pior, ela ainda falava pro marido da Dandara que eu tinha feito muito mal a ela, que eu estava namorando uma pessoa que ela era apaixonada, maior fanfic.

Viviane: sinto muito por você ter descobrindo isso, Dandara. Mas foi um livramento, tanto pra mim quanto pra você.

Dandara: sem dúvida, e fica tranquila que sua vaga está garantida aqui. Esse é meu salão. Quando você se sentir tranquila pra voltar pra cá, a vaga é sua.

Viviane: brigada de verdade, só espero não ficar afastada por muito tempo.

Eu dei um abraço pra tentar reconfortada ela, imagine descobrir que foi traída assim, uó! Eu mesma estava só com raiva.

E pela primeira vez na vida, estava na sede de bater em alguém, de dar uma coça bem dada!

Peguei minha bolsa, carteira e celular. Fiz maior despedida com pessoal que trabalha aqui, vou sentir saudade a beça de tudo!

Me sentei no ponto de ônibus, tava morta demais e ainda tinha que esperar esse ônibus do caralho.

Me assustei quando vi um carro preto se aproximando do ponto rápido, parecia um louco dirigindo. E fiquei em choque quando pararam aqui em frente. Cu trancou!

Dois homens desceram encapuzando e apontaram a arma pra mim.

Viviane: toma, pode levar a bolsa, o celular. —entreguei desesperada.

Pra minha surpresa eles não queriam nada disso, um deles só puxaram meu braço com força e mesmo eu gritando, a rua estava deserta, então não adiantou.

Fui jogada com tudo e do nada eles colocaram um pano tampando minha boca e meu nariz, fazendo com que eu perdesse a consciência.

[....] Acordei com alguém jogando água na minha cara e tomei maior susto vendo que era a Samanta. Ela estava com o rosto todo vermelho, parecia que tinha apanhado e marcas pelo corpo.

Samanta: tu tá bem cara? Achei que estivesse morta.

Viviane: aonde a gente tá? Porque você tá aqui?

Samanta: eu não sei aonde a gente tá, mas o motivo com certeza é o Jogador. Eu tô aqui há 2 dias, 2 dias sem comer uma comida descente, sem beber água suficiente e apanhando todos os dias. Não escuto nada que possa ajudar a gente e pior não sei nem se vamos sair daqui viva.

Eu olhei pra aquele lugar, um quartinho sem janela, sem cama, nem mesmo lugar pra fazer as necessidades.

Comecei a chorar e a ficar totalmente desesperada.

Samanta: para de chorar garota, eu hein! Agora não adianta, se envolver com bandido é assim mesmo.

Viviane: você sabe quem tá por trás disso?

Samanta: não, vem uns caras aqui me fazer perguntas que eu nem sei a respostas, mas tá na cara que eles tão fazendo isso pra alguém. E o chefe não deu as caras aqui. —ela terminou de falar e a porta foi aberta.

Ele olhou pra gente e puxou a Samanta pelos cabelos.

Viviane: solta ela! —gritei, quando ia levantar um outro cara entrou e me puxou também.

Nós duas fomos amarrada num pedaço de madeira ali, cada uma em um canto. Eles saíram da sala sem nem dizer nada.

Samanta: se eu não sair viva daqui, promete cuida da Sofia por mim.

Viviane: a gente vai sair bem daqui e quem vai cuidar dela é você.

Samanta: te julguei demais sem nem ao menos te conhecer, você podia estar muito bem desejando minha morte, mas não.

Novamente a porta foi aberta, mas quem entrou dessa vez foi a Francisca e um homem, o ódio que senti ao ver essa mulher subiu.

Fran: quanto tempo, filhona!

Viviane: sua nojenta! —recebi um tapa na cara.

Fran: não fala assim com a mamãe.

Viviane: porque você me trouxe aqui? Você é maluca? E porque ela está aqui?

Fran: pergunta demais, mas como você não sai viva daqui mesmo, vale a pena responder. —puxou uma cadeira e sentou de frente a mim— você tá aqui por uma razão óbvia, culpada da morte do meu marido e por isso vai morrer também, ainda teve a cara de pau de fazer a cabeça da Laura pra ela ficar do seu lado.

Viviane: eu não precisei fazer a cabeça dela, a Laura é bem esperta. —ela segurou meu maxilar firme.

Fran: não terminei de falar, quieta. Você eu só queria matar mesmo, justiça né. Mas antes o Dentinho precisa atrair o Jogador pra cá pra poder matar ele também. Já ela? —olhou para Samanta— era pra atrair ele, mas o garoto nem se quer notou a falta dela, então tá sem utilidade! Mata.

O rapaz se aproximou e já engatilhou a arma apontando pra ela.

Viviane: deixa ela sair daqui, me mata.

Samanta: promete cuidar dela, cuida da Sofi...

O tiro acertou diretamente a cabeça dela fazendo com que ela morresse de imediato. Fiquei em choque, só comecei a chorar e gritar desesperada.

Viviane: eu prometo. —sussurrei.

Promete cuidar dela, cuida da Sofi...

Essas foram as últimas palavras dela.

Destino traçado Onde as histórias ganham vida. Descobre agora