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Viviane

Acordei morrendo de dor, abri meus olhos e vi que estava no hospital, sentia meu rosto inchado e meu corpo todo dolorido, tentei me esticar, porém só senti mais dor e parei.

Keila: Vivi. —ela entrou na sala— trouxe a Laura.

Viviane: ela está bem?

Laura: eu tô bem, tá doendo? —tocou na minha mão.

Viviane: um pouco, mas tô bem também. Cadê a sua mãe?

Laura: um homem levou ela embora, não sei pra onde. —olhei pra Keila que me olhava com atenção.

Keila: os cara da boca levou ela, eu não sei de mais nada. Chamei a Camila já.

Viviane: minha cabeça tá uma bagunça. —ela se aproximou e pegou na minha mão com cuidado.

Keila: vai dar tudo certo.

O médico veio aqui e analisou meus machucados, fiz uns exames e por sorte não tinha quebrado ou ferido nada, tudo ferimento superficial, mas como estava com dor, ele me deu remédio e eu acabei dormindo.

Abri os olhos e vi a Camila mexendo no celular e a Laura deitada no coloco dela.

Viviane: tá iludindo quantas aí? —ela me olhou assustada e sorriu, levantou com cuidado e deitou a Laura ali.

Camila: fiquei preocupada demais contigo, vim assim que soube.

Viviane: eu tô bem parceira.

Camila: você não pode mais viver naquela casa, vivi.

Viviane: eu só não posso largar minha irmã.

Camila: vem morar comigo cara, eu tô
morando sozinha agora. A casa é própria, nem pago aluguel, as contas quem paga são meus pais, bora pra lá garota.

Viviane: preciso pensar, não sei como vai ser as coisas lá em casa agora, não sei nem da minha mãe e nem do Geraldo.

Camila: você só não pode mais viver assim.

Fiquei calada pensando, na minha cabeça tinha milhares de parada se passando, não sabia nem o que fazer, mas tinha que tomar um rumo logo. Por mim se eu tivesse dinheiro, me mudava mais a Laura.

Ouvir minha mãe me vendo no estado que eu estava e ela so se preocupou com o marido dela, me abalou de uma forma imensa.

Passei o dia todo ali, pedi pra Camila ir embora junto com a Laura e pra ela ficar só mais um dia com ela, porque eu logo teria alta já.

[....] Médica: Viviane, tem visita pra você. Vou mandar entrar, tudo bem?

Viviane: tudo, antes deixa eu te perguntar uma coisa. Hoje recebo minha alta, certo?

Médica: a enfermeira vem avaliar você as 14hr, se tiver tudo bem você pode ir pra casa.

Ela saiu da sala e aquele branquinho entrou, nem sabia o que ele queria. Mas a forma que ele me olhou foi totalmente fria, porém mesmo assim parecia preocupado, ou só curioso.

-Viviane teu nome né garota? —assenti fraco para ele.

Viviane: é, e o teu?

-deixa eu passar o papo logo, o teu pai tomou uma coça e vai morrer —ele falou esperando que eu dissesse algo e eu permaneci calada, aquilo nem me atingiu— e tua mãe já tomou um pau, agora resta pra tu, mato ou deixo ela viva?

Viviane: ela apanhou porque? —eu queria saber a história toda, não sou besta. Ela não iria apanhar se não tivesse envolvimento— e qual seu nome, cara?

-Ela apanhou porque tava com total consentimento que ele iria estuprar tua irmã, ela saiu da casa pra deixar ele a sós.

Senti o maior nojo, pra mim, ambos poderiam morrer sem mais nem menos, mas lembrei da Laura. O Geraldo não ia deixar passar, graças a Deus aquele ali vai morrer logo. Mas minha mãe eu não saberia como a Laura iria lidar com isso, então fiquei pensativa.

-vai ser burra de deixar ela viva.

Viviane: acontece que não tem só eu nessa história, tem a minha irmã.

- tua mãe nem pensou como ela iria ficar.

Viviane: tem outra opção a não ser matar?

-tiro do morro e proíbo a entrada, máximo que eu faço.

Viviane: então é isso, tira ela de lá.

Ele não disse nada e ia saindo já.

-jogador.

Viviane: que?

-meu nome é jogador, otaria.

Ele saiu e eu fiquei tão pensativa, só queria ir embora e ficar de boa com a minha irmã. sabe quando tu fica destruída? Eu não conseguia esboçar nenhum tipo de sentimento ou reação, a não ser o ódio.

Não sabia nem como ia chegar em casa e contar pra garota de 7 anos que o pai morreu e a mãe deve que ser expulsa do morro, porque as duas pessoas que ela mais confiava simplesmente iriam machucar ela. A minha preocupação era a reação que ela teria, mas eu tava me sentindo bem melhor por saber que eles estariam longe de mim e dela, que agora finalmente poderíamos tentar ser feliz novamente.

Camila: chegamos pra te tirar desse inferno.

Viviane: graças a Deus. Já tive alta?

Camila: já, você consegue andar?

Viviane: consigo.

Camila: meu primo tá aqui, ele vai levar a gente.

Laura: finalmente vamos pra casa. Ontem a Camila fez bolo de chocolate pra mim, você quer? —neguei.

Eu sai andando com dificuldade e a Camila me segurava por trás, entramos carro do primo dela, só passei na farmácia pra comprar remédio caso desse dor mais tarde. Entrei em casa e tava silêncio absoluto.

Camila: eu vou limpar lá em cima, cuida dela aí Laurinha, pode pá?

Laura: pode pá.

Viviane: ensinando gírias pra garota já né.

Camila: lógico.

Ela subiu e a Laura ficou me olhando como se tivesse querendo perguntar alguma coisa e eu queria explicar pra ela, só não sabia como. Fora que eu nem falei sobre o que aconteceu, como ela se sentiu com tudo isso.

Destino traçado Onde as histórias ganham vida. Descobre agora