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Viviane

Mesmo eu não querendo abrir o jogo de jeito nenhum pra ele, tive que falar. Porque morri de medo do que ele fosse fazer comigo.

O Ruan tinha mais uma vez usado droga e isso estava bem nítido, os olhos vermelhos e suas mãos inquietas.

Jogador: tu tá me entendendo?

Viviane: fala logo. —falei tentando esconder o medo.

Jogador: não quero mais tu naquele morro e nem perto de lá. Dentinho já ficou com minha mãe anos atrás e ao que tudo indica a Luana é filha dele. —olhei sem entender, que confusão do caralho— e de um tempo tô observando que o povo de lá está rondando por aqui no morro. Então vai rolar uma guerra do caralho. Ainda mais agora que sei que tua mãe tá por lá.

Viviane: e a Luana sabe disso? —ele negou.

Jogador: por isso que isso não pode sair daqui, até minha mãe conversar e abrir o jogo com ela.

Ela ia ficar mal a beça, imagina crescer com a ideia de que uma pessoa é seu pai e do nada descobrir que na verdade não é.

Jogador: e tu não vai poder ir trabalhar não! —ele só podia tá maluco.

Viviane: tá doido? Não posso parar de trabalhar não Ruan! Eu tenho família e uma casa pra sustentar.

Jogador: eu te dou uma meta boa toda semana.

Viviane: não é assim que as coisas funciona.

Jogador: coe Viviane, tu não sacou que a porra vai começar a ficar complicada? Tua mãe tá lá e não é a toa não, alguma coisa ela quer.

Eu tava começando a ficar com medo, ele não parecia estar brincando. Nunca tinha passado por nada assim cara, nem imaginei.

Jogador: porra pretinha, entende cara. Se tu cair na pista todo dia sozinha fica mais fácil deles catarem você. —se aproximou e colocou a mão no meu rosto— eu te dou dinheiro toda semana e te ajudo na tua casa.

Viviane: nem acredito que tô passando por isso cara. —disse de cabeça baixa.

Jogador: fica tranquila, é só por um tempo. —disse me olhando e levantou minha cabeça— mas nunca mais faz o que tu fez , ouviu? Pisar em morro inimigo é como se tu tivesse assinando a sua sentença.

[....] minha vó até passou mal quando contei pra ela, a pressão foi nas alturas. Agora que ela estava mais estabilizado eu fiquei tranquila.

Mas é lógico que eu omiti a parte em que eu tinha ido no São Carlos atrás da Francisca né.

Cris: não posso nem pensar na ideia da sua mãe querer faz mal a vocês, me deixa nervosa.

Viviane: Nem me fale. —suspirei pesado.

Cris: Acho melhor mesmo você parar de ir pro asfalto, se ta correndo perigo fica por aqui. Tu sempre maquia as meninas daqui do morro, consegue cliente fácil.

Viviane: se você diz, quem sou eu pra contrariar? Só que vou tem que trabalhar essa semana toda porque tenho horário marcado.

Cris: só se cuida viu? —assenti.

Terminei de almoçar e depois fui pra rua pra comer açaí, Camila e a maya estavam me esperando já.

Já avistei as duas no maior romance sentadas.

Viviane: aí como eu odeio casal feliz.

Camila: e cadê teu namorado, patroa?

Viviane: adivinha? Boca.

Maya: se acostuma querida. Mas conta aquele rolo todo.

Contei bem por cima pra elas, mas óbvio que não abri a boca sobre ele ser pai da Luana e tudo mais. Só falei que tinha ido no morro lá com a Keila e que depois discuti com Jogador. 

Viviane: só sei que tô mega triste que vou tem que largar meu trabalho por um tempo. Juro, tava mega feliz com meu emprego e agora isso.

Camila: relaxa, logo mais tu volta a trabalhar.

Viviane: cara, espero mesmo. De verdade.

Maya: a Luana acabou de me mandar mensagem, ela tá indo fazer o exame com o Jogador.

Viviane: tô mega ansiosa pra saber o sexo.

Maya: tá o Jogador e o X2 lá, qual a chance de dar merda?

O caíque pode ter sido um irresponsável do caramba, mas em relação a gravidez ele está sendo homem. Mesmo sendo o "mínimo", hoje em dia o mínimo é muito.

Ele comprou umas roupinhas unisex, sapatinhos, umas graça já. Eu estava doida pra descobrir o sexo e sai comprando igual maluca!

Sou apaixonada em criança, de verdade. Meu sonho ter um bebê gente, não agora, mas num futuro bem distante.

Maya: pelo jeito que a Luana estava enjoada é menina.

Camila: mas a barriga dela tá grande já, certeza que é menino.

Viviane: gêmeos?

Camila: ela surta, tá doida. —eu ri.

A gente se distraiu a beça, voltei pra casa bem cansada. Meti um coque no meu cabelo e me joguei no sofá.

Laura: você comprou sorvete pra mim? —perguntou manhosa.

Viviane: tá tudo na geladeira, pede pra vó pegar. Ela tá lá.

A Laura entrou de férias já, mês de novembro né bebês. Na real ela parou 4 semanas antes de acabar oficialmente, mas da em nada.

Laura: Vivi, você nem acredita quem eu vi hoje. —disse empolgada— na verdade eu não vi, mas uma menina foi lá minha escola e falou que a mamãe ia vim me buscar, que ela queria ir me ver.  —tirei a cara do celular e olhei preocupada pra ela.

Viviane:  olha aqui Laura, como era essa mulher?

Laura: ela pediu pra mim não falar nada.

Viviane: Mas lembra que nós contamos tudo uma a outra? Amigas pra sempre, lembra?

Laura: eu sei vivi, mas ela disse que se eu falasse, a mamãe não voltaria.

Viviane: senta aqui pequena —bati na minha perna e ela veio— nós não podemos guardar segredo. E mamãe não está mais perto de nós, ela tentou machucar a gente.

Laura: mas, como assim?

Viviane: você é esperta demais, a Francisca tentou machuca você também naquele dia pequena. Por mais que você não entenda, a gente tem que ficar longe dela. Quem era a menina que falou com você? Como ela era?

Laura: era a Keila. —disse inocente e aquilo fez meu coração acelerar mais.

Destino traçado Kde žijí příběhy. Začni objevovat