Seus braços ardiam com o movimento, mas Evelyn não parava. A espada dançava em suas mãos com os movimentos contra cada soldado inimigo que enfrentava. Ela girou seu corpo e enfiou a lâmina na jugular do homem, o aço atravessou o pescoço, indo e voltando quando ela trouxe sua arma para fora de volta, banhada em sangue e pronta para cortar o próximo que encararia.
Os olhos da rainha varreram a confusão enquanto suas mãos continuavam na coreografia da guerra, o barulho do metal cintilando contra seu ouvido misturado aos urros de dor de quem caía. Garret estava mais próximo agora com um sorriso no rosto enquanto três homens o protegiam, a roupa ainda sem um respingo de sangue.
Isso mudaria em breve.
Ela abaixou-se e pegou a arma do homem que havia matado a pouco e jogou-a contra um dos soldados que estavam diante de Garret lutando. A espada voou direto no olho do medrockiano, que caiu duro com a morte instantânea e abriu caminho para que ela fosse até o rei que capturou sua filha.
― Garret! ― ela esbravejou enquanto caminhava na direção dele. ― Lute comigo!
― Ansiosa? ― A sobrancelha dele se arqueou, enquanto dobrava ligeiramente seus joelhos e montava posição com sua espada empunhada.
― Você não tem ideia do quanto. ― Evelyn cuspiu ao chão o sangue que havia acumulado em sua boca de alguma ferida de combate e passou o braço nos lábios para limpar. ― Mande seus cachorros se afastarem e enfrente-me como um homem. Ou prefere que seus soldados o achem um covarde?
Deu um passo para mais perto do homem que desejava matar.
Agora mais outro.
Garret olhou de um lado para o outro, alguns soldados lutavam, mas os mais próximos olhavam para ele, esperando sua decisão. O rei de Medroc acenou, fazendo com que os dois guardas pessoais dele se afastassem.
Evelyn arqueou o lábio, sentindo o sabor da morte de Garret gerar a energia que ela precisava para continuar lutando. Era quase como se pudesse tocar, se deliciar com a espada cortando e despedaçando a pele dele, penetrando músculos e órgãos até que se tornassem apenas pedaços. Os olhos se esbugalhando e o sangue esparramando ao chão. Era um sonho, melhor ainda se ele clamasse por misericórdia ao final.
Ela correu ao mesmo tempo que Garret e suas espadas chocaram-se com força. Quando ela dava o golpe, o rei conseguia bloquear, e quando ele a golpeava, Evelyn se desviava a tempo. Garret poderia ser um covarde, mas seria ingenuidade pensar que não seria uma luta à altura, ainda mais sabendo como o falecido rei Rory treinou os filhos.
Evelyn virou o corpo para direita, vendo a espada dele passar diante dos seus olhos num vulto. Terminando a curva com seu corpo, ela fez meia volta e aplicou um contra golpe que atingiu superficialmente a coxa dele.
Os olhos do rei se arregalaram, mas ele logo usou o seu próprio corpo para desestabilizá-la ao empurrar Evelyn e fazê-la dar três passos cambaleantes para trás.
― Você sabia que eu me casei com ela? ― Garret lançou o questionamento assim que conseguiu dar o espaço entre eles e deu uma gargalhada enquanto tocava na ferida da sua coxa.
― O que?
― A princesa, sua filha. Ela é minha agora de todas as formas que poderia ser ― completou, deixando seu sorriso crescer enquanto encarava Evelyn.
A rainha sentiu seus joelhos tremerem com o que aquelas palavras significavam. Por um segundo ela pensou que poderia deixar a espada cair, a bile subindo em sua garganta.
Não poderia imaginar. Não poderia...
― Você... ― Tentou dizer alguma coisa, mas não tinha palavras. Se fosse qualquer outra ocasião, ela se ajoelharia no chão e gritaria. Talvez ainda restasse alguma lágrima se parasse para pensar na sua menina passando pelas mesmas atrocidades que ela outrora havia vivido e prometido nunca permitir que seus filhos tivessem o mesmo destino.
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Trono de Sangue
Ficção histórica1º Lugar nas Olimpíadas Literárias promovida pelo @DesafioEmLetras Em uma época regada de sangue e dor, grandes impérios batalhavam entre si em busca do poder. Depois de muito sangue jorrado, um acordo de paz é feito e a união de Ílac e Medroc é s...