Capítulo 26

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A madrugada fria corria durante a quietude do castelo. A falta de informações consumia a sanidade de todos. Elijah e Isaac aguardavam no salão noite a dentro, cada um com suas próprias angústias.

O guerreiro era tomado de um pavor inexplicável, o seu coração doía, sabia que algo tinha dado errado. Na verdade, tinha certeza desde o início que essa missão era louca e suicida, mas o que poderia fazer para deter a própria rainha? Torcia para o melhor, porém, o seu ínfimo sabia a dura verdade, por isso, havia preparado tudo para caso o pior acontecesse. Elijah tinha soldados a postos, o castelo estava protegido e a sua cavalaria pronta para o ataque, caso necessário.

Usou do tempo que Evelyn havia estado fora para adiantar as coisas, justamente o tempo que ele precisava e que ela não foi capaz de lhe dar. Ele entendia, mas não compreendia por completo, não estava no lugar dela e, talvez, se estivesse, não teria sido capaz de tomar alguma atitude fria e racional também, então, por um lado era bom ser só.

— Você não dormiu. – Deveria ser uma pergunta, mas soou como uma afirmação. Elijah notava Isaac encurvado na poltrona, os cabelos desgrenhados e as orelhas profundas, aparentemente mais magro.

— É impossível no meio disso tudo – o garoto respondeu.

O guerreiro apenas acenou com a cabeça, compreendendo-o.

— Preciso que fique bem se quiser recuperar a sua garota. – Encarou Isaac, tentando animá-lo.

— Estou me cuidando, a troca de curativo está sendo feita nos horários corretos e estou tomando os chás recomendados, mas não me peça para descansar, é impossível – lamentou, passando a mão por seus cabelos negros em frustração.

— Isso é bom. As feridas parecem estar melhores, com o tempo irá cicatrizar. Contudo, se eu achar que irá me atrasar, fique sabendo que não te levarei comigo – ressaltou, fazendo com que Isaac arregalasse seus olhos e o mirasse, levemente atordoado.

— Você não irá me deixar para trás. Eu preciso ir atrás de Alyssa! – Isaac rosnou, fechando a mão em punho.

— Do que me adiantará se for um estorvo? Se for necessário que eu vá salvar a princesa ou mesmo a rainha, não posso perder tempo preocupado com você, garoto! – Elijah rolou os olhos e voltou a mirar a porta, ansioso enquanto aguardava por notícias.

— Então não se preocupe comigo, eu me viro sozinho, apenas me importa que me leve junto, de mim cuido eu! – exclamou exaltado, arrancando uma risada irônica do guerreiro.

— Percebe-se como pode! – retrucou, ironizando Isaac. — Você a ama? – Virou a sua cabeça para o jovem, uma curiosidade que lhe alastrou no momento.

O rapaz fitou Elijah, sério, ponderando a sua resposta. Não porque tinha dúvidas, mas por não ter certeza se deveria abrir algo tão delicado e profundo de si mesmo com alguém que não tinha intimidade e havia conhecido tão recentemente.

Abriu a boca para responder, mas foi cortado pelos sons fortes das trombetas que soaram pelo castelo. O rapaz colocou-se de pé rapidamente, ignorando a dor das suas juntas machucadas e virou-se para a porta da entrada. Ao mesmo tempo, o coração de Elijah deu um salto e ele correu para se posicionar em recepção de seja qual fosse a notícia que chegaria.

Os soldados que estavam a postos abriram a grande entrada vagarosamente, enquanto via a movimentação estranha ao longe. Um deles correu em direção a Elijah, que percebeu ao chegar mais perto que se tratava de um mensageiro real.

O homem parou em frente ao General quase sem fôlego, curvou-se e colocou a mão no joelho para recuperar-se da corrida intensa.

— Diga-me logo o que houve! – Elijah rugiu, impaciente, chamando a atenção do homem, enquanto Isaac chegava por trás dele também para escutar.

Trono de SangueWhere stories live. Discover now