Capítulo 29 - Parte II

1.4K 164 71
                                    

No findar do prazo, Isaac tinha tudo o que precisava em mãos. Não se aproximou da princesa, apenas acompanhou os olhares furtivos dela sobre ele e aproveitou o tempo livre para criar amizades com oficiais e descobrir novas coisas sobre Grutok, como, por exemplo, uma poderosa arma de fogo, que o rapaz não conseguiu desvendar bem. Entre outras informações, quanto mais tempo ficava, mais sabia que precisava ir. Cajif já havia o hospedado por um período muito longo, não tinha mais desculpas para permanecer antes que ele desconfiasse, além disso, algo lhe dizia que seu envolvimento com Nihcole não lhe traria coisas boas dali em diante. Ela estava impaciente, mais indecorosa e menos sorrateira. Aquilo precisava acabar. Mas antes... Ele finalmente concretizaria o fogo do desejo entre os dois, encerrando assim a espera que parecia interminável.

Após vários malabarismos para chegar até a porta do quarto que ansiava, Isaac entrou e deparou-se com a princesa nua à sua espera. Não falaram e nem discutiram, ambos sabiam o que queriam ali e provaram durante cada segundo. Seus corpos viraram um emaranhado de mãos, suor, toques e beijos. Enquanto o castelo silenciava, os gemidos soavam pelo quarto sob a luz da lua até que ambos estivessem exaustos.

Isaac nem soube o que o atingiu, apagou com o cansaço, seus braços em volta da cintura da garota, e só acordou quando sentiu o seu corpo ser lançado ao chão e um soco atingir a sua mandíbula.

— Rato, covarde, ingrato! Eu te dei a minha casa, meus banquetes e a minha hospitalidade e é assim que agradece?! – um rugido soou sobre seu rosto, enquanto ele tentava abrir os olhos.

Estava tonto, sua visão embaçada, mas conseguia distinguir a gritaria e aos poucos situava-se no que estava acontecendo. O frio passava pelo seu corpo nu, atrás de um Cajif furioso, Nihcole estava em volta de um lençol aos prantos e por um instante Isaac quis protegê-la por ter exposto a garota. Podia ser um cafajeste, no entanto, não difamava as suas damas, Isaac sabia o preço que uma mulher pagava por um pouco de liberdade. Contudo, o seu senso de dever logo se esvaiu ao compreender as palavras que Nihcole professava.

— Ele me forçou papai! – a garota gritou entre soluços. — Eu disse... E-eu lhe disse não, mas... – Voltou a chorar e Cajif deu um outro soco em Isaac, fazendo o lábio dele rachar.

— Eu não fi... – Isaac tentou retrucar, mas um chute atingiu sua costela.

O rei usou dos próprios punhos para golpeá-lo, seu rosto vermelho e a respiração ofegante completavam o quadro junto com as lágrimas de Nihcole.

— Você desonrou a minha filha. – Pegou o rapaz pelo pescoço – a boca dele sangrando e escorrendo pelo seu queixo – e ergueu-o até que estivesse a altura dos seus olhos. — Você vai se arrepender de ter tocado cada mísero dedo seu nela e eu pouco me importo de quem você é filho. – Jogou-o no chão e virou-se para os dois soldados que estavam na porta do aposento. — Levem-no daqui.

Os homens pegaram Isaac, puxando cada um de um lado e arrastando-o enquanto ele estava tonteado. O rei saiu pela porta primeiro e o garoto de Ílac olhou para trás, tentando ver a princesa e confuso com o que estava acontecendo. Ele havia errado em se envolver com ela, mas por que acusava-o de maneira tão desonrosa?

Nihcole, que agora estava sentada em sua cama, fechou a sua expressão e deixou uma pequena inclinação do seu lábio direito aparecer, um segundo suficiente para que Isaac visse e ela voltasse a chorar alto, algumas criadas entrando correndo ao socorro dela.

O rapaz foi levado e jogado em uma cela, ficando três dias sem ver ou ouvir ninguém, apenas recebendo um punhado de pão e água por uma pequena portinhola no fim da porta de aço. O tempo sozinho foi responsável para que Isaac pudesse pensar e tentar compreender o que Nihcole havia feito.

Trono de SangueWhere stories live. Discover now