Capítulo 21 - Parte II

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- Evelyn? - o guerreiro chamou-a, percebendo o semblante estranho da mulher.

A rainha pigarreou, tentando consertar o desconforto diante da situação presenciada nos minutos anteriores e Elijah arqueou a sobrancelha, tentando decifrá-la.

- Vamos! Temos muito o que conversar. - Voltou a sua postura e deu meia volta, o seu vestido longo e preto se arrastando pelo chão.

Mesmo em aspecto de luto, os fios dourados da sua roupa lhe davam uma feição forte, adornando o tecido. O tigre de Ílac estava enviesado nas costas e exposto, devido ao cabelo dela estar preso em um coque alto em sua coroa, destacando ainda mais o olhar intenso da rainha.

Elijah notou como o pano envolvia o busto dela, descendo colado em sua cintura, e como contornava os seus quadris. Seu olhar não conseguia desviar do balanço do corpo da mulher, enquanto ela caminhava sedutoramente em direção ao salão. O tempo não conseguia abafar o desejo que sentia por ela. Olhava-a como uma presa que não poderia consumir, os olhos fulminantes atraídos pela essência que ela exalava. Piscou e percebeu que de predador havia virado a caça, e que Evelyn era o ser que o levava para o abate. Era dominado e encurralado pelo seu aroma, sendo guiado para a sua armadilha, pronto para ser laçado a qualquer momento. E o pior era saber que ela provocava tudo isso sem ao menos ter entendimento de tal coisa. Não era premeditado, nem mesmo consciente. Mas diante de Evelyn, Elijah seria sempre dominado, mesmo que lutasse e tentasse transparecer que não.

Assim que chegou ao salão, a rainha virou-se para ter certeza que o seu acompanhante estava mesmo ali, o silêncio dele a incomodava e a deixava desconfortável. Na verdade, estar sozinha com Elijah era uma luta contínua contra a sua própria carne e suas emoções. Evelyn fitou o guerreiro e não deixou de notar o desejo que corria no semblante dele. Conhecia aquele olhar, era o mesmo que havia a arrebatado um milhão de vezes.

Bastou uma troca profunda de olhares para a luxúria inundar o ambiente, a rainha engoliu em seco ao sentir os poros do seu corpo arrepiarem com a intensidade que os cobria, fato esse que intensificou-se no momento que o guarda fechou a porta do salão, deixando-os sozinhos no local.

Elijah não conseguia desgrudar os seus olhos da mulher, passou o dedão no canto do seu queixo e deu um passo à frente, percebendo a rainha paralisada no próprio lugar. Os lábios carnudos e bem desenhados dela se abriram mediante a falta de ar que parecia se fazer presente e, quando ela passou a língua lentamente por eles, o guerreiro não conseguiu manter-se afastado mais.

Alcançou-a com mais alguns passos, desejando tocar a pele dela e verificar se estava tão quente quanto a dele. Queria prová-la depois de tanto tempo, conferir se o seu sabor ainda era o mesmo depois de tantos anos.

Ergueu o polegar até a bochecha da rainha, fazendo com que ela fechasse os seus olhos institivamente.

Quanto tempo ela não sentia o seu coração convulsionar dessa forma?

- Por que, Evelyn? - seu sussurro grave a fez estremecer.

Ela não conseguiu responder. Era impossível fazer qualquer coisa enquanto sentia o ar quente das narinas dele bater em seu rosto e deslizar até a curva do seu pescoço, deixando um rastro de fogo por onde passava.

- Por que tem esse poder sobre mim mesmo depois de tudo? - o vibrado da voz dele direto na sua orelha a amoleceu. Ergueu a mão e segurou o ombro dele com força, cravando as suas unhas na sua armadura para que não cambaleasse. - Diga-me.

- Eu não sei - respondeu vacilante, sentindo a sua fortaleza ruir.

- Você também sente? - Elijah perguntou, passando o seu nariz pela bochecha dela, fazendo um frio correr em seu interior.

Trono de SangueWhere stories live. Discover now