Capítulo 29 - Parte I

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1 ano atrás


Era o último império que Isaac precisava ir, há algum tempo aquilo o fatigava. Não a parte da diversão, ele nunca se cansaria disso, mas ter que ficar adulando reis e rainhas para conseguir o que queria era enfadonho. Velhos soberbos regidos e alimentados por elogios mentirosos, sempre assim.

O rei de Grutok era o pior deles, fechado e intransigente, difícil de ter um diálogo, no entanto, bastava-lhe um discurso de louvor e exaltação, que as pessoas poderiam ver o pequeno sorriso convincente que ele emitia. Tinha orgulho das suas armas e seus homens, gabava-se de cada uma das suas conquistas e tinha a filha como sua joia mais preciosa, o diamante mais raro que ele ostentava. Era bom para o seu ego exuberante mostrar aos homens uma beleza tão jovem no qual nenhum deles iria ter. Fazer isso o divertia.

Por isso, não foi surpresa para Isaac que o Rei de Grutok tivesse organizado uma festa para a sua chegada, cheio de pompa e convidados. Ele aproveitou-se de cada minuto que lhe foi oferecido, cada bebida, danças, comidas e flertes. No entanto, aquela veia de curiosidade latejava sobre ele, a cada minuto que passava, os olhos da multidão miravam os grandes portões que ficavam atrás do trono em que o rei sentava, todos à espera da grande aparição da noite.

Isaac não era indiferente, queria saber se a princesa era tão bela aos olhos quanto os boatos diziam, ou, pelo menos, que fizesse valer todo o suspense e exaltação que Cajif, rei de Grutok, fazia. Mas o soberano gostava de dificultar as coisas, brincar e fazer com que as pessoas ansiassem mais por aquela visão. Fazia bem ao seu ego, já que ele mesmo não era dotado de beleza alguma.

— Hoje ele está enrolando mais do que o normal – um dos homens do reino sussurrou para Isaac ao seu lado.

O rapaz apenas arqueou a sobrancelha em resposta, para não transparecer que estava tão interessado no assunto como os demais.

— Acredito que seja por sua causa. Você sabe... É de Ílac, Cajif nunca deixaria passar a oportunidade de ostentar algo para o melhor povo do mundo.

Isaac entendeu a referência e acenou com a cabeça, levando seus olhos novamente até a porta, que nunca se abria. Seus dedos começaram a tamborilar a taça de vinho e a bebida já estava começando a lhe deixar tonto. O pé batia no chão com impaciência e para ele a festa já era enfadonha. Depois de anos vivendo através delas, nada o admirava mais. Não quer dizer que não as curtia, ele era um festeiro assíduo e um mulherengo também, mas logo se sentia exausto de ter sempre muito do mesmo.

Sentia uma leve saudade de casa, sempre quis ir embora, seguir a sua própria vida e liberdade, mas agora que a tinha, tudo o que queria às vezes era o afago da mãe, os conselhos do pai, os treinamentos com a prima e rainha Evelyn e até mesmo perturbar a pentelha Alyssa, que não tinha muito contato, mas gostava de azucrinar quando mais nova.

— É agora – o homem ao lado o despertou dos seus pensamentos e os olhos de Isaac pairavam até a grande porta que estava sendo aberta. Todos pararam para poder observar a entrada triunfal da princesa, não havia um olhar que não estivesse sobre ela. — Não é todo dia que Cajif permite que tanta gente a veja, ninguém quer perder essa oportunidade — completou e explicou ao jovem de Ílac assim que notou o seu rosto confuso pela comoção das pessoas.

Isaac inclinou o seu corpo para frente e apertou os olhos enquanto olhava para o local, uma jovem surgiu pelos portões, seus cabelos longos tinham um castanho vivo que entoava o caramelo e lhe chegava um pouco abaixo da cintura, suas pontas se enrolavam formando ondas e cachos enquanto a sua raiz lisa escorria e moldava o rosto da princesa. A pele dela combinava com a cor do seu cabelo, era levemente bronzeada, deixando um dourado bonito e formoso. O rosto ligeiramente arredondado dava-lhe um ar inocente agregado as suas bochechas rosadas, na boca havia um tom de vermelho que destacava os seus lábios e deixava-os mais proeminentes.

Trono de SangueWhere stories live. Discover now