A noite passada havia sido atormentada para Evelyn. Ela dizia para si mesma que era por Alyssa, pela guerra... Mas o seu interior também tinha conhecimento que parte era por Elijah. Ela não o encontrou no outro dia, após o momento que tiveram na tenda. Enquanto caminhava por entre seus homens, conversando com os capitães e líderes dos pelotões, não conseguiu se impedir de ter os olhos vagueando e procurando o general, não encontrando-o em lugar algum.
No início, achou que apenas tinha o perdido de vista frente ao numeroso exército, no entanto, quando deu a hora de partir e ele ainda não havia aparecido, começou a se preocupar.
— Majestade? — um rapazinho chamou-a cautelosamente. Não era um dos soldados, mas um dos ajudantes da equipe de apoio que acompanhava-os.
Evelyn virou-se para ele, aguardando o que o garoto tinha para dizer.
— O General pediu para te dar um recado — iniciou, a voz um pouco trêmula. — Ele não estará com vocês durante o dia, pediu para prosseguirem sem ele. O Rochedo disse que encontrará vocês pelo caminho.
— O general — Evelyn repetiu lentamente — disse isso para você?!
— Sim — o menino confirmou, engolindo em seco. — Ele se foi logo cedo e mandou-me para que desse o recado para a senhora. Por favor, Majestade, não me puna, sou apenas o mensageiro.
Evelyn não sabia o quanto a sua expressão estava assustadora até perceber o medo no rosto do menino. Ela deu um aceno, dispensando-o, antes que ela descontasse a sua raiva em quem não tinha nada a ver com isso.
O que Elijah estava pensando? Isso tinha a ver com algum esquema tático ou havia fugido dela?
Depois da noite anterior, o mínimo que ela esperava era que ele pudesse dar um recado desse cara a cara. A não ser que ele soubesse que ela o impediria.
Evelyn não sabia se ficava assustada com isso ou brava. De uma forma ou de outra, não poderia atrasar a caminhada e nem mandaria ninguém atrás de Elijah. Ela não era a babá dele e ele deveria saber o que estava fazendo. Não podia gastar energia nisso agora, nem mesmo a dos seus homens.
O sinal foi dado por ela e seu exército voltou a caminhar, seguindo rumo a Medroc. Focou-se em prosseguir e continuar planejando as táticas com os seus homens de confiança. O sol estava aberto e brilhante, ressoando todo o seu calor e deixando-os ainda mais cansados pelo percurso. Já era perto do meio dia, quando pararam para comer e finalmente Evelyn viu Elijah se aproximar. Ela optou por ignorá-lo, sem querer que a bandeira branca que haviam estendido na noite anterior rompesse novamente. E no momento ela estava brava demais para poder conter o seu próprio temperamento.
— Recebeu meu recado? — Elijah aproximou-se uns minutos depois, enquanto ela apreciava um cozido de coelho.
Evelyn deu um aceno com a cabeça e continuou a comer.
O general encarou a mulher e soltou um pequeno suspiro imperceptível, já esperava essa reação. A noite anterior havia sido inesperada, conflituosa e reveladora para ele. Muitas perguntas novas estavam na ponta da sua língua, ao mesmo tempo que outras saídas se revelaram à sua mente. Coisas que ele precisava fazer... Evelyn havia dado um passo enorme, ele não queria que ela retrocedesse agora.
— Eu não fugi — disse a ela, sentando-se ao seu lado.
— Não imaginei por nenhum momento que o General de Ílac abandonaria seu exército, não faz parte de quem você é, Elijah. Até mesmo eu sei disso — respondeu, ainda focada em seu cozido.
— Não estou falando sobre o meu posto de general. — Elijah girou seu corpo para ela, de forma que Evelyn não teve como não deixar sua comida momentaneamente de lado e focar nele.
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Trono de Sangue
Historical Fiction1º Lugar nas Olimpíadas Literárias promovida pelo @DesafioEmLetras Em uma época regada de sangue e dor, grandes impérios batalhavam entre si em busca do poder. Depois de muito sangue jorrado, um acordo de paz é feito e a união de Ílac e Medroc é s...