Capítulo 32 - Parte II

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─ Podem abrir a cela ─ Evelyn pediu e o guarda destrancou-a, deixando a passagem para que a rainha entrasse.

Um dos outros soldados seguiu-a e postou-se ao seu lado, fazendo a guarda da rainha, e, enquanto isso, ela caminhava sobre o chão umedecido e mofado que levava até a mulher a quem queria ver.

Reynia estava no canto da cela, encolhida no chão. A poeira cobria a sua pele, sua clavícula mais exposta e os cabelos desgrenhados. A cabeça dela se moveu em direção a Evelyn, mas assim que a viu, o cenho se franziu e virou para a parede novamente, preferindo olhar os tijolos recheados de mofo do que a mulher.

─ O que quer? ─ a prisioneira suspirou, deixando seus ombros caírem derrotadas.

─ Eu vim libertá-la ─ Evelyn exalou para a surpresa da outra.

A testa de Reynia se enrugou, agora encarando a rainha, a incompreensão perpassando por sua mente, seus dedos foram direto para o seu vestido rasgado, apertando o tecido com força enquanto tentava se levantar fracamente do chão.

─ O que você quer de mim? ─ a mulher voltou a repetir, a chama de fúria exalando debilmente em seu tom.

─ Nada... Eu não quero nada mais a não ser que você vá embora do meu reino ─ Evelyn respondeu-a lentamente ─, para sempre ─ completou.

─ Você... ─ ela se interrompeu e lambeu o lábio ressecado antes de continuar. ─ Você me trancafiou aqui... Buscou respostas que não obteve e agora vai simplesmente me soltar?

─ Talvez você pense o contrário, mas eu sou uma pessoa justa, Reynia. Eu lhe prendi quando provas indicavam que você poderia ter causado um atentado ao reino. Eu sei que, se eu quisesse, poderia te prender apenas pelo fato de você ter me desacatado ou invadido a minha privacidade tantas vezes quando se deitava com Jeffrey em meus aposentos para me desafiar. Mas nada disso me importa mais... Você não o matou, então não lhe prenderei mais. Contudo, eu não confio em você e por causa de tudo o que você já atentou contra a minha casa, você será exilada da minha terra. Estou te dando uma chance de seguir um novo caminho, você é jovem, Reynia, pode mudar todo o seu percurso ainda, deixar esse ódio de lado e sua busca por vingança para trás e ter um novo começo. Eu estou te dando uma chance que eu nunca tive na vida. Vá embora, terei homens que te escoltarão até os limites da cidade, comece a sua vida em outro lugar.

─ Eu não quero a sua pena! ─ Reyna avançou sobre a rainha, mas a algema que a prendia pelo pé não deixou que ela chegasse nem perto, fazendo com que ela tropeçasse e caísse no chão, seu joelho batendo contra o concreto e causando-lhe dor.

─ Pena a gente dá para os fracos, Reynia. Não é o que se aplica para você. Aceite a minha oferta ou ficará presa aqui para o resto da sua vida. Você tem até a noite para decidir, meus homens estarão prontos para você quando resolver o que irá fazer. Pegue isso como uma oferta de paz, não é sempre que uma escolha é nos posta à mãos.

Evelyn deu as costas para a prisioneira e largou-a para trás, não queria acabar mudando de ideia devido a petulância infantil de Reynia. A mulher poderia não entender e talvez nunca soubesse, mas dar essa chance a ela, era uma forma da rainha honrar o pai da garota e seu irmão por tudo que haviam feito. Era o mínimo que poderia fazer por aqueles homens tão honrados.

Além disso, quem dera ela ter tido a mesma oportunidade, ter em mãos uma decisão que teria a possibilidade de mudar a sua vida.

Toda a trajetória de Evelyn foram imposições em que ela teve que aprender a lidar, e todas as vezes que ela tentou mudar o seu curso, pessoas foram machucadas e coisas piores aconteceram.

Trono de SangueWhere stories live. Discover now