Capítulo 38 - Parte I

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O sol mal tinha raiado e Evelyn estava acordada, virada de lado na cama e olhando para Elijah, que ainda dormia. Seus olhos varreram o rosto do guerreiro, mais suave que já tinha visto por tantos anos, dormindo no que poderia ser o seu único e último sono pacífico.

Ela aproveitava os minutos restantes sabendo que precisavam se levantar para continuar a marchar com as tropas, sua mão percorria delicadamente os cabelos de Elijah, absorta de um carinho nostálgico ao pensar que ali, no meio daquela bagunça, era a primeira vez que eles ficaram juntos sem medo de serem pegos ou qualquer coisa parecida.

Evelyn sabia que as coisas nunca seriam as mesmas. Eles estavam em iminência de morte, aproveitando o que poderia ser o último momento de "paz" de suas vidas. Se por algum milagre saíssem vivos de tudo isso, ela não saberia o que esperar. Apesar das revelações, a rainha tinha total compreensão que a dor não se apagava de uma hora para outra e, por mais que ela e Elijah tivessem transbordado os seus corações na noite anterior, eles não eram os mesmos jovens que eram quando se conheceram.

No entanto, isso não era algo que pensaria agora. Tinham que derrubar Garret, acabar com a guerra e trazer Alyssa – se esta estivesse viva.

Só cogitar tal possibilidade rachava o coração de Evelyn. Ela achava que tinha sofrido as maiores dores com o estupro, tortura e tudo o que passou. Mas nada se comparava a dor de perder um filho. Era irreparável.

Enquanto aprofundava-se em seus próprios pensamentos, não havia percebido que Elijah tinha acordado até sentir o dedo dele no vinco da sua testa, acariciando com o polegar devagar.

― O que foi? ― ele perguntou, sua voz ainda rouca pelo sono e os olhos levemente inchados pela noite quase não dormida de ambos.

― Apenas preocupações. ― Evelyn ergueu levemente o lábio em um sorriso e o guerreiro apoiou-se com o cotovelo para inclinar-se sobre ela, iniciando um beijo lento e carinhoso, ainda movido pelas emoções que a noite havia trazido.

A mão de Evelyn voou para o cabelo de Elijah e o corpo dele se ajeitou por cima do dela. O homem suspirou, ainda desacreditado de tudo que eles haviam passado.

Haviam provado e aproveitado o quanto puderam até ficarem exaustos porque sabiam que precisavam descansar para a guerra, mas ali, novamente, tudo o que Elijah queria era ter Evelyn mais uma vez. No entanto, não foi possível, pois o soldado que estava guardando a porta da tenda entrou, interrompendo-os e fazendo com que o General saísse da sua posição e ambos olhassem para o intruso.

― Majestade, perdão, mas é urgente ― o homem falou, abaixando a cabeça e desviando o seu olhar para o chão para escapar da nudez do casal.

― Diga ― Evelyn ordenou, puxando o tecido da cama para proteger os seus seios e sentando-se.

― Os homens do pelotão do General estão aqui e disseram que precisam falar com os dois. Eu disse que não poderia interrompê-los, mas eles foram enfáticos em afirmar que era sobre o rei Garret e a batalha.

Elijah levantou-se em um ímpeto, andando ainda nu até onde suas roupas haviam sido jogadas. O seu pelotão não deveria estar ali, mas sim com Isaac resgatando Alyssa. O que tinha acontecido?

As mãos dele voaram enquanto colocava peça por peça, mal pode notar Evelyn, que também tinha saído ainda sem as roupas, mas ao contrário dele, estava dando ordens para que os homens entrassem e só depois foi até o seu vestuário.

O soldado saiu para chamar os homens e voltou com eles poucos minutos mais tarde. Elijah e Evelyn já estavam de pé – perto da entrada da tenda – quando cinco guerreiros entraram, suas roupas surradas e sujas e os cabelos lambidos pelo suor. Imediatamente a rainha reconheceu como sendo os que acompanhavam o General. Ele tinha ao lado dele sempre os homens mais estranhos, obscuros e assustadores. Pareciam menos com soldados e mais com espiões assassinos.

Trono de SangueWhere stories live. Discover now