Capítulo 21 - Parte I

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Elijah tentava se levantar, porém seu corpo parecia pesar uma tonelada. Suas pálpebras teimavam em ficar fechadas, por mais que ele tentasse abri-las. Além disso, sua cabeça doía como se tivesse se embriagado na noite anterior.

Não se recordava de muita coisa. Estava em seu quarto, bebeu um pouco e o resto eram vultos e misturas de flashes que não conseguia entender.

Forçou os seus olhos e com a mão direita empurrou o seu corpo para cima, a fim de se sentar. Pousou a esquerda na cabeça, sentindo-a latejar, enquanto a sua vista começava a se recuperar aos poucos.

— Argh! – reclamou, sentindo fraqueza em seus membros. — O que houve aqui? – sussurrou para si mesmo.

Olhou em volta do seu quarto, tudo parecia absolutamente normal. Lançou os pés para fora da cama, inclinando o corpo um pouco em direção aos seus joelhos e colocando as duas mãos por sobre a cabeça. Fechou os olhos novamente, tentando se recuperar, entretanto, uma onda forte de vômito subiu por sua garganta, fazendo com que ele colocasse a cabeça entre as pernas e botasse tudo para fora.

O gosto amargo cobriu o seu paladar e sentiu uma queimação por onde o líquido intragável havia passado. O odor nojento subiu pelas suas narinas, fazendo com que ele olhasse para a gosma esverdeada no chão.

Foi naquele momento que ele percebeu o copo caído junto ao líquido que estava nele. Piscou tendo pequenas recordações. A paralisia dos seus membros, a mulher que sussurrava em seu ouvido... Não podia ser coisa da sua cabeça, ali estava a prova. Elijah havia sido procurado, Ocland estava de olho nele e ele não conseguia entender o porquê.

Em passos lentos arrastou-se até o banheiro, esperando que a água gelada o ajudasse a se recuperar. Entrou na pequena banheira e com um pequeno vasilhame derramou o líquido em seus cabelos compridos. Esfregou-os com uma barra de sabão e deixou a espuma escorrer pelo seu corpo, querendo retirar qualquer toque que a mulher maldita de Ocland tivesse deixado com a sua mão. Passou a esponja de espiga pelos músculos do seu tórax, descendo até o abdômen, tão forte que a pele arranhou e começou avermelhar.

Estava cansado de sentir como se fosse um peão dentro de um jogo. Parecia que, mesmo que ele fugisse de tudo, as circunstâncias iam atrás dele. Lutou por sua independência, tentou traçar o seu próprio caminho, conseguiu status, poder e respeito, mas, ainda assim, parecia ser apenas um boneco que tentavam manipular.

Estava de volta ao castelo, ao lado da mulher que tanto amou e o desprezou. Cada dia dentro daquele lugar o deixava mais intrigado, quanto mais ele tentava entender, mais perdido ficava. Os reinos estavam em guerra e, para completar, Ocland agora o perseguia. Não poderia ser mera coincidência, haviam mentiras que precisavam ser descobertas caso Elijah quisesse agir sabiamente para com Ílac.

Como um bom guerreiro, ele sabia que precisava pensar racionalmente, deixando todas as emoções de lado. Mas, quanto mais permanecia naquele palácio, mais a sua mente o confundia. Já não sabia se estava apto para assumir o comando do Exército. Milhares de pessoas dependeriam dele para salvar as suas vidas, entretanto, será que ele seria racional o suficiente para tomar tais decisões de forma fria e sábia?

Após o banho, o guerreiro vestiu os seus trajes, deixando a sua espada empunhada em sua cintura. Saiu do aposento para percorrer o castelo atrás do seu amigo, Hector. O homem não estava no seu quarto, nem na cozinha. Passou por vários salões do castelo, porém, não encontrou. Subiu até o andar dos aposentos reais como uma última opção e estancou quando reparou Hector de frente para a porta de Helena.

— O que está fazendo aqui? – O guerreiro o encurralou.

O amigo deu um passo para trás com o susto e piscou duas vezes, desconcertado.

Trono de SangueWhere stories live. Discover now