Capítulo 11

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— Você é louco? Matou o rei? – O general indagou, correndo em direção ao corpo de Jeffrey que estava atirado ao chão.

Elijah rolou os olhos, indiferente ao que havia feito. Colocou o saco no mesmo local que tinha encontrado, enquanto Hector se desesperava, temendo as consequências do ato do amigo.

— Fique calmo. Eu não matei ele, apesar de ser uma ideia tentadora. Agora vamos embora – chamou, caminhando em direção a porta da cozinha.

— É só isso o que tem a dizer? – Hector questionou-o, exaltado. — Eu chego e vejo o rei desabado no chão e você apenas me diz isso?

— Se ficarmos aqui seremos descobertos e creio que isso não será nada bom. Deixe-o aí. Ele merece cada segundo de agonia que sofreu. Depois conversaremos – Elijah falou, impaciente, sabendo que se não resolvesse sair logo do local, alguém poderia chegar.

O general o seguiu e ambos portaram-se para fora do castelo. Elijah tentava mostrar-se calmo, mas o seu interior fervilhava com um misto de emoções pelo encontro nada agradável que havia tido com Evelyn. Não que ele esperasse algo tranquilo, porém, vê-la ferida era a última coisa que imaginava.

Não temeu agir da forma que agiu com Jeffrey. Não era esse o caso. O problema era todo ela. A rainha. Evelyn Kreigh. A mulher forte que ele sempre conheceu. A antiga garota que o derrotava nos treinamentos. Os olhos que brilhavam toda vez que o via.

Todavia, parecia um passado longínquo, pois, a mulher que conhecia, por mais que continuasse a ostentar o título, tinha agora os olhos frios e vazios. As feridas estavam expostas pela sua carne, mas, o pior de tudo, era a ferida que ele não conseguia ver, aquela que corroía a sua alma.

Um espírito dilacerado reconhece outro, por isso, não sabia o que havia acontecido com Evelyn, porém, tinha certeza que as dores dela eram tão fortes quanto as dele, se não forem até maiores.

— Você vai me contar agora porque diabos o rei está desacordado em plena cozinha do palácio, seu merda? – Hector empurrou Elijah, nervoso, assim que se afastaram do palácio.

Haviam caminhado em um silêncio ensurdecedor. O general segurava-se para não avançar em Elijah. Precisavam manter as aparências até que estivessem longe o suficiente para não aparentarem suspeitos. Aquilo não acabaria bem, ele tinha certeza disso. Jamais imaginou que Elijah perderia a compostura daquela forma. Não era possível que um guerreiro bem treinado como ele fosse perder a serenidade por ciúmes, não é?

— Você não viu o que eu vi – soou frio com as lembranças em sua mente.

— E o que você viu? OLHA PRA MIM QUANDO EU FALO COM VOCÊ, SEU BASTARDO!

Bastou o grito inconsequente de Hector para que Elijah saísse do seu transe. Como um bom guerreiro que era, ele era concentrado e comedido, porém, aquela última palavra dita durante a fúria do amigo mexeu com ele, fazendo com que erguesse o punho e mirasse direto no queixo de Hector, em um golpe forte e duro.

— Idiota! Olha o que você fez! – Hector ralhou, cambaleando e segurando o rosto que agora tinha um corte que sangrava bastante.

— Nunca mais me chame disso, está me ouvindo? – Elijah falou com fúria. Seus olhos estavam nebulosos e pareciam saltar a qualquer instante. A respiração descompassada mostrava o quanto ele se segurava para não destruir Hector ali mesmo.

Ele não era um bastardo, era órfão. Tinha uma grande diferença nisso.

Primeiro viu sua mãe definhar, quando tinha apenas cinco anos. Depois o pai morreu em suas mãos. Golpes após golpes. Era isso o que a vida tinha para ele.

Trono de SangueWhere stories live. Discover now