Capítulo 32 - Parte III

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─ Levante-se! ─ O soldado abriu a cela e agarrou Alyssa pelo braço, puxando-a para fora.

O homem a arrastou enquanto ela tropeçava pelo caminho, seus pés descalços e feridos pelo chão gelado. A princesa foi jogada para dentro de um aposento vazio, apenas uma grande banheira no meio e uma criada ao lado com um balde e uma escova na mão.

─ Lave-se, o rei te quer limpa hoje. ─ Empurrou-a e voltou-se para a porta, fechando a saída e cruzando os braços.

Alyssa passou as mãos pelos seus braços, abraçando-se, olhou para um lado e para o outro, enquanto a criada a encarava, esperando que ela fosse até lá. Seu rosto virou, olhando por cima do ombro para o soldado que a fitava ainda no lugar, seus dedos tremiam e a vergonha e a humilhação cobriam o seu corpo.

Lentamente, foi tirando as peças de roupa, sabendo que o homem não sairia para que ela se banhasse. Deixou que os farrapos caíssem no chão, expondo seu corpo muito mais magro e frágil, os hematomas espalhados por várias partes da sua pele. Não havia percebido o quanto fedia e o quanto ansiava por água fresca, apenas quando, tremulamente, caminhou até a banheira e afundou nela, sentindo o líquido cobrir o seu torso.

A água era gelada e a perfurava, fazendo-a tremer, no entanto, também tornava-a viva, trazendo a dor e purificando-a dos golpes levados durante os dias do cativeiro em Medroc. A criada foi até ela com uma escova e ergueu o seu braço, esfregando-a com as cerdas duras e deixando sua pele alva, vermelha. Sem nenhuma delicadeza, foi passando em cada parte do corpo até que a água escura escorresse, levando a sujeira impregnada.

Lembrar de casa talvez fosse a única coisa que lhe fazia ser forte, saber que era útil ali e que tinha uma missão. A sua vida não poderia ser perdida à toa, Alyssa necessitava das informações que só Garret possuía e dependia dela arrancar uma por uma.

Pensando nisso, a princesa fechou os olhos e ocultou tudo ao seu redor, concentrando-se apenas no que era importante, amortecendo a dor, a saudade, as fraquezas e as angústias, pelo menos enquanto a criada banhava-a.

Assim que terminou, a mulher puxou Alyssa pelo braço e levantou-a, jogando sobre ela uma toalha no qual a princesa se enrolou e tentou enxugar-se, tampando o máximo possível a sua nudez diante do soldado. O homem não esperou, caminhou até ela e agarrou-a, puxando-a sem tato e fazendo-a tropeçar sobre os seus pés. A garota foi levada até um outro aposento, onde reunia-se mais quatro mulheres, cada uma com vários utensílios nas mãos. A primeira tinha um vestido vermelho volumoso em um dos braços e no outro as anáguas, a segunda ostentava meias e sapatos, a terceira tinha vários ornamentos como colar, brinco e um chapéu, e a última, substâncias para maquiagem.

Assim que chegou, as mulheres começaram a arrumá-la, causando estranheza a princesa. Tentou perguntar o que estava acontecendo, mas nenhuma delas respondeu, assim como o soldado, que continuava apenas olhando-a em silêncio. Alyssa foi enfiada para dentro do vestido apertado, que sufocava o seu busto e empurrava os seus seios para fora, deixando-os bem expostos no grande decote que carregava e os esmagavam. Sua cintura era alta e bem modelada e o tecido ia até o chão, as vestes de baixo estava fechadas com cordões, que também ajustavam bem ao corpo e não deixavam o tecido cair, as mangas eram rentes aos braços dela, quase que minimamente feito. O vestido vinha acompanhado com uma capa elaborada, bordada com pedras preciosas e ouro à mão, tão longo que ultrapassava a calda do vestido. A segunda mulher veio em seguida com as meias e calçou nos pés dela o sapato de bico fino, que eram pequenos para Alyssa e machucavam seus dedos já feridos. Seu cabelo foi penteado pela terceira criada e seus fios enfiados dentro de uma rede, o chapéu era enorme e tinha uma forma cilíndrica, as pontas no formato de um chifre.

Trono de SangueWhere stories live. Discover now