Capítulo 13

2.8K 268 336
                                    

As três mulheres da geração Kreigh caminhavam até o aposento que se tornaria o novo lar de Helena dali em diante. Quatro guardas estavam encarregados de vigiá-la vinte e quatro horas por dia, um revezamento de escala duplo que impediria que ela ficasse só.

— Você ficará aqui, Helena – Evelyn explicou à mãe, assim que chegaram ao local. — Não poderá sair sem autorização e terá sempre soldados ao seu redor. Participará das nossas reuniões familiares, como eventos e refeições, podendo ser chamada em outros momentos também. Não abuse da minha cordialidade e assim poderá, aos poucos, voltar à rotina das nossas vidas. Caso contrário, o lugar em que estava será pouco para o que tenho reservado para você. Estamos entendidas?

Helena, que passava o seu olhar no novo quarto, girou o corpo para encarar a filha. Arqueou a sobrancelha lentamente, abrindo um pequeno sorriso lateralizado.

— Sim, querida. Compreendi perfeitamente.

— Ótimo! – Evelyn fez um sinal para que os guardas tomassem os seus postos e despediu-se da mãe, sendo seguida por Alyssa, que deu um beijo em sua avó antes de sair.

Assim que deixaram o quarto, a rainha puxou a filha para o canto oposto de onde estavam, ficando longe dos ouvidos dos homens que estavam a porta do aposento de sua mãe.

— Quero te pedir algo e terá que confiar em mim para atender a minha petição sem questionamentos – Evelyn cochichou, tendo a completa atenção de Alyssa.

— Pode dizer, mãe. Você sabe que eu tenho plena confiança em todas as suas decisões e ações. A vó é um bom exemplo disso, mesmo eu querendo ela em um local mais confortável, eu sempre respeitei a sua decisão de mantê-la por lá. Só espero ser digna de ter seus segredos compartilhados comigo – a princesa respondeu, não tinha um tom de exigência ou de mágoa.

Ela entendia que, no cargo de rainha, havia a necessidade de se ocultar diversas coisas. Um dia seria ela e a garota faria a mesma coisa. Alyssa apenas, por hora, procurava ser uma coluna firme para Evelyn e, dessa forma, quando chegasse a sua hora, ela tomaria o lugar no trono que um dia fora da sua mãe.

— Você é digna, Aly! Só não é o momento ainda. Logo estará pronta para o reinado e saberá todos os segredos sujos e encobertos por essas paredes.

— Por que não agora, mãe? – indagou, curiosa.

— Você será uma grande rainha um dia, minha filha. Eu tenho plena convicção quanto a isso, porém, é muito difícil chegar a esse cargo sem nos corromper. Muitas coisas que não previmos acontecem e nos fazem tomar medidas que não desejamos. A realeza, ao mesmo tempo que nos ergue, também nos derruba. Essa coroa que eu carrego conseguiu sugar quase tudo de mim. Entretanto, você... - colocou a mão no ombro da filha e a olhou com um brilho diferente — Ainda há uma pureza em sua alma, Aly. Você carrega uma graça que nem mesmo Jeffrey é capaz de lhe tirar. As ofensas dele a atinge apenas momentaneamente, elas não derrubam a luz que gira em torno da sua alma. Você é diferente! Não estou te vendando, apenas quis preservar a sua essência durante a mocidade, que é a fase onde tudo se molda dentro de nós.

— Mas o que lhe garante que, quando tudo for revelado, eu não vá se tornar essa pessoa que você tanto teme? – questionou a sua mãe, que apenas abriu um terno sorriso para a menina.

— Isso não vai acontecer, Aly. Algumas concepções mudarão, você irá se magoar, talvez até mesmo chorar... Porém, não transformará quem é de verdade. Você já criou a sua própria identidade, filha, e eu sei que é madura o suficiente para lidar com tudo o que estiver por vir.

— Quando a senhora fala assim... parece até que vem um vendaval pela frente – Alyssa, sem perceber, abraçava o seu próprio corpo, temerosa pelas palavras sombrias da mãe.

Trono de SangueWhere stories live. Discover now