Capítulo 24 - Parte II

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A risada debochada do inimigo fez com que os cabelos de Evelyn se arrepiassem. Haviam caído em uma emboscada e não teriam como recuar. Girou a cabeça para olhar analisar os seus homens, pairando o seu olhar sobre cada um deles. Uns exalavam ódio, em outros era nítido o medo e pavor, entretanto, a rainha sabia que bastava uma ordem e eles lutariam. Não deveriam voltar pelo caminho que vieram, fugir não era uma opção. Poderiam morrer naquele momento, mas batalhariam até o fim pela causa proposta.

— Onde está a minha filha? – perguntou, logo que seus olhos encontraram o ruivo medrockiano novamente.

O homem olhou para o céu estrelado e passou a mão em sua longa barba, fingindo pensar e, em seguida, encarou Evelyn novamente, abrindo um longo sorriso assombroso.

— Vossa Majestade está se referindo a uma bela donzela que encontrei perdida pela floresta? – Fez uma pausa para lamber os lábios. — Se for essa graciosidade, a senhora está de parabéns, nunca vi mais bela. Foi um deleite tê-la nos meus braços – provocou.

O furor percorreu as veias da rainha e ela precisou se conter para não avançar em um ato insano sobre o homem. Cada vez era mais difícil separar as suas emoções, o ódio latejava as suas entranhas de modo que lhe doía a carne ter que se conter. Tocar na sua filha levava-a ao máximo do limite, por isso, deveria ser cautelosa, antes que entregasse o jogo cada vez que cutucassem a sua ferida.

— Chega de delongas e vamos ao que interessa. Eu quero a princesa de Ílac. E vocês – ergueu a espada, apontando para o ruivo, – a troco de quê pegaram a minha filha?

O homem deu um salto do seu cavalo e saltou para o solo, dobrando levemente os joelhos para amortecer a queda. Depois, endireitou o seu corpo e pousou uma mão no cabo da espada que estava selada em sua cintura, trocando o seu sorriso por uma expressão sombria.

— Ah, Majestade, você é tão previsível... Só foi pegarmos a menininha que veio direto ao encontro dos lobos. Onde ela está?! Não sei, terá que perguntar ao meu rei. Eu apenas sigo ordens. Cumpri a primeira ao entregar a menina diretamente nas mãos de Sua Majestade, agora só resta-me mais uma... destruir você.

O ruivo puxou sua espada com rapidez e soltou um alto rugido, obtendo em resposta um brado dos homens de Medroc. Apontando a arma para Evelyn, o homem tomou a dianteira do exército e começou a correr, atrás seus homens o seguiam, encurralando os guerreiros de Ílac.

— HOMENS, ATACAR! – a rainha gritou, puxando também a sua espada e avançando contra seus inimigos.

Cada uns dos presentes empunharam as suas armas, prontos para lutar. Em momentos de batalha, se esquecia da dor e das fraquezas, restava apenas o desejo de vencer.

Os corpos começaram a se chocar, travando o duelo entre os inimigos. O som afiado das espadas se expandiu no ambiente, assim como os gemidos de dor a cada segundo que alguém ia sendo atingido. Pelo canto do olho, Evelyn conseguia ver Hector lutar com um homem, ambos ao seu lado, enquanto ela concentrava-se no ruivo abominável a sua frente. O homem era imenso e quase o dobro do seu tamanho. No entanto, a sua aparência macabra não a intimidava, a rainha sabia como usar o seu próprio porte e leveza ao seu favor.

O soldado avançou a sua espada sobre Evelyn e ela o bloqueou, erguendo a sua na altura do rosto para se proteger. O barulho cortante dos aços soou alto no impacto e o ruivo tentou usar da sua força física para empurrar a arma sobre Evelyn e tentar fazê-la cair. A rainha abaixou depressa a sua espada e rodopiou para direita, desviando do ataque do homem. Curvou o seu corpo e tentou dar um golpe na direção do abdômen do soldado, porém, ele foi bloqueado e ambos voltaram à posição de combate, se encarando e andando em círculos, prontos para um novo afronte.

Trono de SangueWhere stories live. Discover now