Capítulo 32 - 1/2

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Jerome posicionava, sem muita paciência, seu carro na vaga predeterminada do estacionamento de seu prédio. Subiu os poucos lances de escada que tinha para subir. A discussão do casal, no apartamento imediatamente abaixo ao seu, era rotineira. Quase todos os dias ao chegar do trabalho ouvia a discussão na escada. Aquele dia em específico ele não estava disposto a ouvir os gritos lançados pelo casal. Sua vontade era entrar no apartamento sem bater à porta e mandar ambos se calarem aos gritos, porém não o fez. Estava exausto como nunca esteve antes.

No trabalho tentara conversar com o Delegado Rhodes sobre o raptamento da garota, mas o mesmo não ligou para a preocupação do rapaz.

- Acalme-se, Jerome. Sei muito bem o que estou fazendo. - dizia cauteloso e repetia de maneira incansável. - Não há um porquê para se preocupar.

Nada o fazia mudar de ideia. Nem mesmo repetir o dito tantas vezes antes:

- Essa Dra. Shoes é uma louca. Todos sabemos, Rhodes. Você está cego. Ela não é nada apropriada para cuidar da garota. Nem temos provas o suficientes para dizer que foi Kat quem matou a garotinha e o Dr. Alan.

Jerome dizia em vão. O delegado fazia questão de não ligar para nada e a resposta para os argumentos usados pelo submisso vinha na ponta da língua instantaneamente.

- Eu sei o que estou fazendo, Jerome. Eu já te disse milhares de vezes e volto a repetir. - mantinha a calma durante toda a conversa. - A Dra. Shoes é a pessoa em quem mais confio, e somente eu sei se as provas que possuímos são ou não suficientes para incriminá-la.

Jerome discutia. Tinha inúmeros argumentos para usar, mas nada, absolutamente nada, mudava a opinião do delegado. Na mente de Rhodes ele estava certo e para ele isso bastava.

- Jerome, tenho mais serviço para fazer. Não se preocupe. Vá cuidar de outros casos, a garota Kat já está em minhas mãos... - ele falou e não esperou por uma resposta do outro. Saiu da delegacia em seu próprio carro e não apareceu novamente até o final do dia.

Finalmente, Jerome se viu abrindo a porta de casa com dificuldade. A fome reclamava em seu estômago, contudo não deu atenção ao fato. Queria tomar um banho e deitar para se acalmar. Talvez após o banho comesse um pedaço de pão ou tomasse apenas um copo de leite, mas aquilo não faria diferença.

Tomou seu banho e vestiu o pijama. Ao passar pela cozinha, no momento que seguia para seu quarto, parou no cômodo e pegou um pão para comer. Parou de pensar em tudo que lhe preocupava. Queria descansar e se pudesse faltaria ao trabalho no dia seguinte. Comia o pão em um estado semiconsciente, praticamente já dormindo. Levou um susto quando o celular na pia começou a vibrar insistentemente. Pegou-o e deu uma rápida visualizada no número. Desconhecido.

- Alô? - disse imediatamente ao colocá-lo contra o ouvido.

"Kat!"

A voz suave de uma garotinha ressoou do outro lado da linha.

Jerome que estava apoiado na pia se ajeitou. Seus olhos se arregalaram e o estado de semiconsciência se perdeu rapidamente. Não sabia se naquele instante sentia medo ou qualquer outra sensação. O nome, juntamente ao tom da voz, tomaram-lhe total atenção.

- Kat? - perguntou um pouco duvidoso. Tentava primeiramente entender o que estava acontecendo.

"Kat!"

O timbre da voz era doce e ressoava de uma maneira inocente, algo que Jerome tinha certeza não ser.

Gaguejou um pouco antes de responder. Largou o pão sobre a mesa.

- Quem está falando?

-"Kat!"

- É você, Kat? - Jerome perguntou ainda mais confuso. Não conseguia distinguir o tom de voz suave que chegava a seus ouvidos, portanto não poderia concluir se era realmente a garota.

Vamos Brincar, Kat?Where stories live. Discover now