Capítulo 43

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O Hospital J. H. Pringle estava movimentado naquela noite. O médico de plantão daquele dia, Dr. Henry Luther, não poderia imaginar que atenderia tantos casos emergenciais com histórias diversas. A tempos que seu serviço de plantão não era tão movimentado.

A primeira a aparecer naquela noite fora uma criança com o braço queimado às 19:36. De acordo com o relato da mãe, ela preparava o molho para o macarrão que fazia quando foi atender o telefone e deixou a panela ligada no fogão. Seu filho de cinco anos puxara a alça da panela e despejara sobre seu braço a mistura fervendo. Ao ouvir o grito de dor, correu para o cômodo para ver o que acontecera. Enchera um balde com água fria e colocara o braço do menino dentro desse. Ela e o marido foram imediatamente para o hospital com o braços do filho submersos.

Sem muito tempo de descanso, às 20:08 a ambulância chegava reclamando com sua sirena distante. Chegando ao hospital, Dr. Henry fora acionado novamente para verificar o estado de uma senhora de idade desmaiada. A mulher fora levada para o quarto 402 às pressas e sua filha em prantos seguia atrás. Sarah, como chamava a filha, disse que encontrara sua mãe caída no chão de seu quarto e não sabia o porquê. Contou que passavam por uma situação complicada nos últimos três dias e a preocupação dominava as duas. Era um caso de extremo estresse alicerçado a falta de alimento e excesso de automedicação irregular. Tomou as devidas providências, com estímulos nervosos e medicação intravenosa, e deixou a senhora em repouso enquanto esperavam-na voltar à consciência.

Às 20:55 chegava o caso mais preocupante. Um homem chamado Martin levava uma garota em seus braços. O estado da criança era alarmante. Cortes ao longo de todo o corpo, principalmente nos braços e pernas. Hematomas parecendo cobras ao longo de seu tronco. Seu rosto com roxos e a boca extremamente inchada com nítidas marcas de unhadas profundas contornando os pequeninos lábios. Alguém havia a torturado. O corpo também estava fraco devido a falta de alimentação ideal. Dr. Henry estava impressionado em encontrar a menina Kat com um mínimo de consciência possível. Uma enfermeira, das muitas chamadas para ajudar no rápido atendimento da criança, chamara de milagre o fato de a encontrarem ainda viva.

- Eu não sei quem fez isso com ela, mas acredito que se ficasse mais poucos minutos sofrendo o que ela sofreu, não estaríamos com ela viva aqui. - dissera ela para Martin enquanto fazia curativos nos cortes em suas mãos.

Martin apenas assentiu com a cabeça, ainda tentando entender o que acontecera naquela rua sem saída. A imagem sangrenta na sala de tortura ficara estampada e fixa em sua retina. Mesmo com as diversas tentativas em afastá-la, era impossível esquecer do corpo de Jerome jorrando sangue e exibindo seus órgãos internos.

Após ver um avanço na recuperação de Kat, saiu da sala e ligou para o último nome em suas ligações: Sarah. A mulher atendeu prontamente, e sua voz exibia ansiedade.

- Estão com Kat?

Martin hesitou por um instante. Ele e Jerome não estavam com Kat. Infelizmente, somente ele estava com a garota.

- Ela está comigo, Sarah!

- Oh! Graças a Deus! - não percebeu a tonalidade diferente que Martin colocou na palavra "comigo". A única coisa que sua mente absorveu foi o fato de sua filha não estar mais nas mãos da polícia. - Ela está bem? Posso falar com ela?  Estão a levando para casa? - soltava as perguntas compulsivamente, sem dar uma pequena brecha para ouvir uma resposta. - Ah eu não estou em casa, mas daqui a pouco estamos indo. Posso falar com ela?

- Estamos no Hospital J. H. Pringle. - Martin a interrompeu ao perceber que ela não pararia de falar. A sensação de alívio fez com que Sarah desatasse a falar incessantemente.

- Como? - a mulher ficara intrigada.

- Kat estava com uns ferimentos e a trouxe para a emergência. Mas fique tranquila que ela já está sendo atendida. - do outro lado da ligação Martin ouviu uma porta sendo aberta.

Vamos Brincar, Kat?Où les histoires vivent. Découvrez maintenant