Capítulo 38 - 1/2

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Dra. Shoes levantou da sua cadeira decidida. Precisava começar a usar seus métodos para conseguir o que queria de Kat. Recebera uma ligação do Delegado Rhodes dizendo que um de seus policiais estava atrás da garota, a fim de tirá-la das mãos da psicóloga. Não havia mais tempo a perder, usaria de tudo que tinha em mãos para conseguir uma confissão da garota. Precisava ouvir da boca de Kat, afirmando que ela havia matado as vítimas que tinham como principal suspeito ela.

Na mente, a psicóloga elaborava rapidamente uma conversa psicótica com a pequena, o que fez transparecer em seus lábios um sorriso malicioso. Para Dra. Shoes, havia chegado a hora mais divertida com seus pacientes: a tortura.

Procurou na bagunça completa de seu escritório a chave da sala própria para a realização de seus métodos mais radicais. Passou a mão sobre um armário de aço e ouviu o ressoar do metal tocar seus tímpanos. Abaixou-se para pegá-la e aumentou o sorriso ao tocá-la novamente. Tocar aquela chave relembrava as inúmeras memórias que passara naquele lugar. Tantos gritos que não saíram de lá, tantas verdades nunca ditas, tanto sangue derramado pelo chão, tantas gargalhadas macabras que eclodiram de sua boca.

Saiu de seu aposento com a chave firme entre seus dedos. Virou o corredor e viu a imagem grotesca de seus empregados largados dormindo sobre o sofá. Ambos roncavam. A doutora levou as mãos aos ouvidos tampando-os e fazendo uma careta, mas não se estressou com aquilo. Estava animada com o que viria a seguir. Suspirou acalmando os nervos e gritou olhando para eles.

- Acordem, seus imbecis! - riu enquanto eles se levantavam de súbito, assustados com os gritos da mulher. Piscavam insistentemente os olhos, na tentativa de despertarem mais rápido. - Está na hora de começar as brincadeiras. - os dois se entreolharam e sorriram.

- Sim, senhora! - responderam em uníssono e saíram do cômodo indo em direção a outro para se prepararem para a sessão de tortura.

Seria a primeira vez que Gare entraria na sala de tortura, e ele estava extremamente ansioso para começar. Ouvira diversas histórias de George contando sobre o que acontecia naquele lugar. Tudo parecia tão perfeito em sua mente. Queria realmente fazer todas aquelas coisas sobre as quais escutara, e poder começar com uma criança, de acordo com George, era "uma sorte absurda e uma oportunidade inigualável".

Dra. Shoes subira as escadas e caminhou até a porta da sala de tortura. Passou uma das mãos sobre o aço dessa. Analisou a pequena janela que era para estar ali, a qual a psicóloga fechara com mais aço para que absolutamente nada saísse daquele lugar. Girou a chave na fechadura de maneira lenta, se deliciando com a sensação de girá-la novamente. Empurrou levemente essa que se abriu com um ranger agudo ao se arrastar no chão. Músicas para o ouvido da mulher. Deu um passo adentrando na sala e sentiu o peso da atmosfera recair sobre seus ombros.

Perfeito!

Tudo estava como fora deixado, mais empoeirado ainda, o que agradava Dra. Shoes ao se lembrar das tantas torturas realizadas ali. No centro haviam duas cadeiras. Uma presa ao chão com amarras de couro para as pernas e braços e outra presa ao teto, levemente reclinada na diagonal, e com as mesmas amarras. A segunda era usada apenas em situações mais extremas, quando o paciente não colaborava. Havia no canto direito uma espécie de aquário com grades de ferro na parte superior, cuja água em seu interior se encontrava sempre em temperaturas próximas de cinco a oito graus Celsius. Na parede atrás das cadeiras alguns sacos cheios de objetos diversos como pequenas lâminas extremamente afiadas e insetos venenosos. Na parede da esquerda havia uma bancada com um pano sobre essa repleto de protuberâncias distintas dos diferentes instrumentos de tortura que estavam a disposição para serem usados.

- Doutora? - George apareceu atrás dela, que parou de apreciar o lugar e se virou.

- Já estão com os panos para mordaça e venda? - o brutamonte assentiu com um balançar de cabeça que fez a mulher estampar um sorriso ainda maior em seu rosto. - Então tragam a garota. - fez uma pausa como se tivesse terminado de falar. Os dois homens iam saindo quando pararam com a voz da Dr. Shoes que continuou. - Mas sejam educados, não queremos que ela sofra antes da hora. - os três riram sarcasticamente.

Vamos Brincar, Kat?Where stories live. Discover now