Capítulo 38 - 2/2

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Kat ficou mais um tempo ainda calada, tentando tranquilizar seu corpo em profundo desespero e descontrole.

- Por bem... - respondeu e deixou sua resposta se prolongar com um longo suspiro.

Dra. Shoes não gostara de ouvir uma resposta. No fundo, ela queria que Kat não dissesse nada para começar a usar seus brinquedos e se divertir cada vez mais. Contudo não se importara com a atitude da pequena, teria tempo para tudo e logo estaria usando-os, relembrando as tantas vezes que os usara.

- Que bom! Fico muito mais feliz. - seu tom de voz era nitidamente falso e realmente queria isto: mostrar para Kat suas verdadeiras intenções. Provável que aquele fosse o último contato entre as duas até que o policial, mencionado por Rhodes, a encontrasse, ou a garota confirmasse seus assassinatos brutais. Após uma curta pausa, refletindo sobre seus próximos atos, a psicóloga continuou: - Acho que seus braços devem estar doloridos, não? - Kat apenas assentiu com a cabeça, sem nem mesmo abrir a boca. - Soltem-na, por favor, meninos.

George estranhou a ordem da doutora, no entanto ao ver a face dessa se virar para ele com o sorriso macabro convencional, confirmou que ela sabia o que fazia.

Cada dia essa mulher me surpreende mais...

Tinha profundo respeito e admiração por ela. Sua mente diabólica parecia não ter limites. Eram sempre os mesmos objetos em todas as sessões, mas ela arrumava maneiras diferentes de explorá-los. O que o mais fascinava não era o uso que ela fazia dos instrumentos de tortura, mas da maneira com que ela brincava com o psicológico de seus pacientes, fazendo-os surtar físico e mentalmente.

- Soltem os braços e afrouxem as amarras da perna! - a boca de Dra. Shoes soletrou cada letra de maneira quase inaudível, mas que George conseguiu decifrar.

Os dois homens obedeceram exatamente o ordenado. Kat ao sentir seus braços soltos os balançou levemente e pressionou a região antes presa de leve. Sentiu o sangue correr por entre suas mãos normalmente e uma sensação de formigamento percorrer-lhe a ponta dos dedos. Não mexeu as pernas, porém, estava se contentando em tomar novamente o controle de apenas duas mãos.

- Obrigada... - agradeceu, duvidosa se realmente deveria ter feito aquilo.

- Por nada, querida. Só quero brincar, lhe falei. - a mulher caminhou para a parte de trás da cadeira e pegou um dos sacos escorados na parede. Sabia exatamente o que havia ali.

Com um balançar de cabeça, Dra. Shoes pediu a ajuda de George e Gare para pegar outros dois sacos. Abriu o seu e verificou se seu interior era o que procurava. Palha ressecada e dura. Algo simples mas com uma capacidade cortante absurda. Era como folhas de papel: manuseadas da maneira errada poderia cortar facilmente. O problema da palha é que não havia uma maneira correta de se usar.

- Não se mexa ainda, Kat. Estou preparando nossa primeira brincadeira. - a psicóloga começou a espalhar a palha pelo chão ao redor da cadeira, agitando o saco com a abertura para baixo. Os dois homens fizeram o mesmo, concentrando a maior parte do material a frente da menina. - Já brincou de Cabra Cega?

Kat fez um movimento quase imperceptível com a cabeça em afirmação. Estava confusa e sem enxergar nada. Sentia seus braços e mãos normalmente, e sua perna voltava a ter sangue correndo rapidamente pela ação da gravidade. Sua vontade era sair correndo, mas sabia que não conseguiria fazê-lo. Medo do imprevisível era o sentimento que a definiria perfeitamente naquele instante.

- Ótimo! Já sabe as regras. - fez uma pausa e se afastou da palha. A mulher analisou as faixas de couro, que prendiam as pernas, soltas ainda a frente dessas.

Basta um passo e...

Os três conseguiam visualizar nitidamente o que aconteceria a seguir com a garota. George agora compreendia a intenção da doutora e reafirmava sua genialidade.

Vamos Brincar, Kat?Where stories live. Discover now