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- 𝑨𝒏𝒚 𝑮𝒂𝒃𝒓𝒊𝒆𝒍𝒍𝒚 -

- Any? Está no mundo da lua? - Sabina me cutucou e eu finalmente saí do meu transe. -

- o que você estava a dizer? - perguntei confusa. -

- estávamos a falar sobre sair hoje de noite, é sexta-feira, você não trabalha até tarde, e podemos chegar a casa quase de manhã!

- não sei, estou cansada pela semana toda que passou. - falei meio incerta e as três suspiraram ao mesmo tempo, sempre fazem isso. -

- mas você também tem de se divertir, talvez se for menos careta e beber um pouco, vai se sentir melhor.

- tá bom, eu vou. - olhei as garotas que só faltava pularem de felicidade. Confesso que era difícil eu sair com elas para algum lugar, ou estou a trabalhar, ou a estudar ou até a "cuidar" da minha mãe. -

- você está muito sobrecarregada, precisa relaxar, Gaby. - Sina deu leves pancadas no meu ombro. -

- se estiver la aquele barman.. - Sabina parecia ver unicórnios no ar, o que nos fez rir. - ele é lindo de morrer! Nunca vi um homem tão bonito.

- ele não é nada de especial. - dei de ombros e ela arregalou os olhos. -

- oi?! Ele é tão lindo! Ele joga futebol, descobri isso na semana passada.

- e tem cara de quem curte sexo a três? - Lin perguntou curiosa. -

- sei lá, mas deixa o meu boy de lado, arruma um boy magia só para você, ninguém merece amiga talarica! - Sabina zoou. -

- então a saída de mais tarde está confirmada?! - Sina perguntou esperançosa. -

- sim, Sina. - resmunguei essas duas palavras. -

Agora só me restava ir para o trabalho antes de sair.
Não que eu queira parecer ingrata ou algo do tipo mas o meu chefe é o pior do universo.

Trabalho numa cafeteria de bairro, tento atender todos com um sorriso no rosto mas no final do turno, nada é suficiente para agradar o Silvio.

- você está despedida. Não consegue fazer horas a mais e eu não quero pagar salário a quem não tem vontade de trabalhar.

A escola não me dava oportunidade de trabalhar mais e isso também implicava deixar a minha mãe sozinha em casa por mais tempo.
Mas ficar sem trabalho também não era uma boa notícia. Priscila é formada em medicina e já passou por vários hospitais, o seu salário era ótimo e vivíamos muito bem, nunca nos faltou nada, mas depois da morte da minha irmã mais nova, ela mudou por completo, parou de trabalhar e se " focou " nas drogas, gastando todo o dinheiro de anos de trabalho, em substâncias.

Mas não posso negar que ela é uma ótima mãe. Se eu estiver doente, ela prepara as suas sopas maravilhosas, em datas especiais ela está completamente limpa, quando sente que não está em si prefere se trancar no quarto para não descontar em mim mas.. às vezes sou eu que faço esses papéis, com ela. Como se eu fosse responsável pela minha própria mãe, isso é cansativo..

Fiquei completamente destroçada com aquelas palavras mas mesmo assim eu agradeci, querendo ou não os poucos meses que passei ali me ajudaram a sobreviver.

Abri a porta de casa sentindo aquele cheiro insuportável.
Então dei passos retos até à cozinha e pousei as chaves na mesa.

- você.. - tentei falar mas Priscila me impediu rapidamente. -

- eu, joguei algumas drogas mais perigosas no lixo, o cheiro vem de la.

Então eu abri um pequeno sorriso e sabendo que ela odeia isso, mergulhei o meu dedo na panela com a sopa e provei.

- Any Gabrielly! - Priscila me repreendeu e eu apenas ri travessa. -

- está incrível, so não me mate com tanto sal igual da outra vez. Ah.. eu..

- você?

- O Silvio me despediu devido àquele motivo que te falei anteriormente.

- não se preocupe com isso, Any. Acho que temos dinheiro suficiente para a minha estadia na clínica e eu tenho guardado no banco o dinheiro suficiente para você se alimentar e viver enquanto eu não estiver em casa.

- isso é bom, eu acho.. posso sair com as meninas mais tarde?

- pode sim, vai tomar banho e desce para jantar, só não demore duas horas!

- claro, chefe! - debochei e subi as escadas com a mochila da escola apenas num ombro. -

Joguei as coisas no chão e fui em direção ao banheiro. Tirei as minhas peças de roupa jogando também no cesto de roupa suja e liguei a água do box, tirei o coque do meu cabelo sem dificuldade alguma e entrei ali dentro.

Demorei cerca de 10 minutos e depois saí me enrolando numa toalha, para cuidar dos meus cachos e depois escolher uma roupa decente para sair.

Optei por meia calça preta quase transparente e vestido preto colado ao corpo com manga quase transparente também, passei um corretivo, rímel, blush e gloss. Calcei uma bota da cor do look e desci as escadas para ir jantar.

- está linda meu amor. - Priscila elogiou e eu sorri sem graça, nunca sei o que dizer. -

- obrigada! - me sentei no meu lugar e comecei a refeição em silêncio até que Priscila interrompeu o momento de reflexão noturna. -

- não se esqueça de ter cuidado, as ruas podem ser perigosas de noite. Não faça nada que eu não faria nem se estivesse chapada.

- certo mamãe, eu já sei. Você diz o mesmo a cada vez que eu saio de casa. Eu não sou mais um bebé Okay? Eu sei me cuidar e tenho noção do perigos.

- eu espero que sim.

Cerca de uma hora depois, a campainha tocou. A minha querida amiga Sabina já tem carteira de motorista então ela é o táxi do grupo. Eu também tenho, só falta o carro mas isso são planos muito distantes.

- vocês estão umas gatinhas! - Sina olhou para todas nós. -

- olha quem fala né! - retruquei. -

CRIMINAL HEARTS - beauanyWhere stories live. Discover now