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- 𝑱𝒐𝒔𝒉 𝑩𝒆𝒂𝒖𝒄𝒉𝒂𝒎𝒑 -

Estou na sala de espera com a any, viemos ao hospital para ela ser examinada e fazer mais algumas análises.

- você tem de dizer isso ao médico meu amor. - ela assentiu com a cabeça enquanto roía a unha. - se você parar de roer as unhas eu vou com você a um salão para você fazer do jeitinho que você quiser.

- vai mesmo?

- se você for uma boa garota, sim. - ela tirou a mão da boca e eu sorri fraco, é muito fácil subornar a morena. -

O médico chamou o nome dela e felizmente eu pude entrar também.
Ela já fez os raio-x, agora faltam os exames de sangue.

- este aqui é um pouco agressivo porque tem de ficar na sua pele por quase um minuto, você não pode fazer força no braço, tem que relaxar o músculo.

Any começou a entrar em pânico e a suar por todos os lados, ela tem medo de agulhas, e eu ainda queria ir fazer uma tatuagem com ela, coitada da bichinha.

- posso segura-la ao colo? Acho que vai ajudá-la a ficar mais calma.

O senhor assentiu com um sorriso apreensivo e simpático, me sentei no lugar dela e a aconcheguei nas minhas pernas. O médico optou por anestesiar o braço dela com uma bolsa de gelo.
Sem que ela percebesse, a agulha adentrou a sua pele, o corpo dela tremeu um pouco mas logo se acalmou.

- pronto, já passou essa aqui. - o senhor apontou para o sangue dela dentro de um pequeno frasco. - consegue segurar isso aqui?

Assenti com a cabeça, pressionando uma compressa na zona que não para de sangrar.

- agora é mais rápido, você não vai sentir quase nada. - o senhor avisou antes de entrar com a agulha na zona de dentro do cotovelo dela. Ao contrário do que ele disse, any sentiu tanto que as lágrimas voltaram a escorrer pelas suas bochechas. - é a última agora, mas essa aqui pode ser um pouquinho dolorosa, vamos fazer assim, você vai conversar com o seu..

- namorado.. - ela soluçou e eu fiz um esforço para não rir, não que tivesse graça mas a forma que ela fez um esforço para dizer logo foi incrível. -

- são um casal muito lindo. - ele sorriu fraco. - é raro encontrar homens que fazem isso pelas mulheres.

Não duvido do que ele tenha dito, hoje em dia só vejo maus tratos e coisas até piores, acho que já ninguém sabe amar ninguém.

- vai conversar com ele, e vai se distrair um pouquinho.

Any me olhou e eu sorri para ela mostrando que está tudo bem, foi aí que o senhor pegou numa pequena máquina com uma bolsa que eu acredito ser soro e começou a prender uma agulha à mão dela e mais alguns fios com outra agulha no braço.

- isso é medicação para a anemia, para fortificar um pouco o seu corpo, você está muito fraca por conta da doença e pode ser perigoso quando o corpo não suporta mais. Daqui a 10 minutos eu tiro isso tudo.

Fiquei a conversar com ela até que any descansou a cabeça, tombando para trás para ficar no meu ombro. Acariciei a sua bochecha sentindo a minha mão ficar molhada pelas suas lágrimas.
E o culpado do estado dela, sou eu..

No que pareceu uma eternidade, o senhor voltou e começou a tirar tudo da pele dela, pegando em ataduras para enfaixar a zona que sangrou no seu braço e fazendo um pequeno curativo na mão.

- pode tirar isso amanhã de manhã, deixa hoje e faz gelo em cima para reduzir o inchaço. Você faz faculdade ou algo do tipo e tem aulas hoje? - o senhor perguntou analisando alguns exames dela no computador. -

- tem sim. - confirmei, visto que any não consegui dizer nada, limpei as suas lágrimas e escondi o seu rosto no meu pescoço para ela se acalmar. -

- se começar a ficar com febre, muitas dores no braço e doer para levantar, aconselho a ir para casa e descansar. Ela está doente, é melhor repousar, pode fazer tudo desde que não se sinta mal.

- certo..

O senhor me entregou uma bolsa de gelo e eu coloquei contra o seu braço, any resmungou mas logo se acostumou.

- as duas costelas estão quase no sítio certo, já não vai sentir tantas dores. - ele falou comigo, visto que any não está em condições, eu não a culpo por isso, sei o pânico que ela tem e o quanto tem de mantido firme. - Any, princesa. - ele cutucou o ombro dela que fungou e o olhou em seguida. - o que você tem sentido para além de dores nos locais machucados?

- Tonturas, dor de cabeça, tenho tido febre e falta de ar às vezes..

- muito bem.. - ele pensou. - isso são sintomas normais da anemia, não se preocupe quando isso acontecer. Apenas evite estar sozinha durante o processo de recuperação, se você seguir a dieta da quantidade de vezes que deve se alimentar por dia e tomar as vitaminas, facilmente vai ficar curada em pouco tempo, num mês ou dois você já vai estar muito melhor.

- Okay..

- agora você vai deitar naquela maca para eu ver a perna e o tornozelo pode ser?

- hum hum..

Ela pegou nas muletas e foi até lá, ficando deitada.

- pode ficar ao lado dela. - o senhor falou baixinho e eu fui até uma pequena poltrona que fica ao lado da maca. -

Começou a tirar o gesso da coxa e a passar as mãos pela zona magoada, any apenas fechava os olhos com mais força quando algum movimento a magoava.

O senhor desceu para o tornozelo dela e começou a tirar o gesso e a tala.

- o tornozelo vai ser o mais complicado. - ele começou a massajar o local, any estendeu a mãozinha para eu pegar. - vai ter que fazer fisioterapia mas por enquanto, como ainda está muito fresco vou voltar a engessar de forma um pouco mais rigorosa para ela não mexer de forma alguma, terá de ficar assim por cerca de um mês. A coxa dela eu vou deixar assim, sem cobrir nada, já está tudo no sítio certo mas é possível ela ainda sentir algum desconforto mas nada que a magoe. Ou seja, a única coisa que ela tem de recuperar agora é o tornozelo quebrado e claro a alimentação correta.

O médico engessou o pé dela até à coxa com uma tala no tornozelo, parece algo muito exagerado mas como fracturou e o osso saiu do sítio é melhor deixar assim.

- você vai usar a cadeira de rodas.. é muito gesso e você tem de manter o tornozelo elevado, sei que é difícil mas você vai conseguir se virar sozinha.

CRIMINAL HEARTS - beauanyWhere stories live. Discover now