Capítulo dois

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A garota me olhou de uma forma estranha depois da mágica do chiclete

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A garota me olhou de uma forma estranha depois da mágica do chiclete. Ela usava um chapéu vermelho que cobria grande parte de seu cabelo moreno curto. Não sei por que fiz, foi automático. Eu vi seu olhar triste e antes de perceber, puxei o doce de minha mochila. Seus olhos me lembravam os de minha irmã. Quando ela era pequena, eu costumava fazer o truque para distraí-la.

Na primeira vez, ela estava encolhida dentro do guarda-roupa com as pernas grudadas no peito e o rosto escondido. Quando as brigas dos nossos pais surgiam, Júlia se refugiava no armário, tentando fugir para outro mundo.

Entrei em seu esconderijo e sentei ao seu lado, me espremendo para caber. Envolvi os braços ao redor dela e fechei a porta do guarda-roupa, nos deixando no escuro. Um feixe de luz era capaz de entrar na fresta, deixando uma luminosidade fraca para clarear os olhos castanhos e marejados de minha irmã. Os sons estavam abafados, quase inexistentes, mas ainda eram ouvidos. Não importava onde fossemos, sempre dava para ouvir.

Júlia chegou mais perto de mim. Apertei seu corpo com força. Sendo seu protetor e irmão mais velho, era meu dever fazê-la se sentir bem e protegida. Meus pais sempre diziam isso para mim e eu repetia na minha cabeça para não esquecer.

Ouvir o choro saindo de sua boca fez minha garganta apertar.

— Faz eles pararem, Ax. Por favor — disse Júlia com a voz embargada, enquanto colocava o rosto contra meu peito. — Por que tudo não pode ser como antes?

Queria ter uma resposta pra ela. Se tivesse alguma mágica para fazer com que tornasse isso possível, não teria pensado duas vezes antes de realizar.

Distanciei, incapaz de lidar com seus soluços incessantes. Tinha que realizar algo para distraí-la.

— Quer ver uma mágica?

Ela piscou e limpou as lágrimas com a mão.

— Só se for uma para voltar no tempo.

Engoli em seco.

— Essa eu ainda não aprendi — Movi minha mão atrás de sua orelha para depois retirá-la de perto com um chiclete nos dedos. — Pode ser essa?

A garota pegou o doce com os olhos arregalados.

— Como você fez isso?

— Um mágico nunca revela seus segredos.

Seus olhos começaram a brilhar.

— É o mesmo doce que compramos na escola?

Assenti com um sorriso. Júlia me abraçou. Suas lágrimas cessaram ao colocar o doce na boca. Era de tutti-frutti. Um de seus favoritos.

— Tem outras mágicas que aprendi! — exclamei, fazendo um outro truque. — Você vai gostar.

E então fiz todos os truques que tinha conhecimento até aquele momento. Realizei até entrarmos ao universo da magia e esquecermos o mundo caótico do lado de fora. As mágicas me animavam. Minha mente ficava inquieta, desejando por mais. Esqueci o tanto que aquilo era natural para mim.

Frangos Explosivos [Completo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora