Capítulo dezessete

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O restaurante dava passos de tartaruga, com os resultados surgindo aos poucos

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O restaurante dava passos de tartaruga, com os resultados surgindo aos poucos. As mágicas se tornavam mais fáceis a cada dia e eu não consegui impedir de sentir meu corpo fervilhando por conta delas. Naquele dia eu até mesmo usei meus aros chineses. Eles estavam empoeirados no guarda-roupa, esperando o momento de serem apreciadas de novo.

Não sei como demorei tanto para fazer um truque com eles. Era um clássico. Nele os arcos se ligavam uns aos outros em um passe de mágica. Uma vez vi um vídeo do mágico Victor Voitko usando-os. O homem fez os arcos levitarem na frente de todo mundo. Foi incrível. Algo tão simples se transforma em coisas inimagináveis. Esse é o poder das mágicas. Surpreender as pessoas com algo que nunca poderiam sonhar. É o que tornava o momento especial.

— Já deu para ver uma diferença no movimento do restaurante — comentou Laís no fim do nosso expediente. Roberta estava perto de nós, contando o dinheiro da caixa registradora. Laís a encarou. — Mas pode ter certeza que ela não vai assumir isso para você.

A gerente pareceu não ouvir. Dei de ombros. Não me importava se ela não dissesse nada. Para mim era a opinião de Marcos que me interessava.

Fitei a porta de seu escritório. Ela estava fechada, contudo, notei o feixe de luz passando pelo vão. Deveria estar ocupado demais para dizer alguma coisa.

Contive uma careta. Já se passou uma semana desde o início do meu pequeno espetáculo. Ele não falou nada comigo desde então, nem mesmo disse o que estava achando. Eu o vi poucas vezes durante a semana. Ele estava agindo como se nada acontecia. Ficava trancado no escritório na maior parte do tempo. Quando saia, sua expressão séria era como uma tela em branco para mim, sem me mostrar nada do que estava sentindo. Ele era difícil demais de entender e seu silêncio me incomodava.

Laís seguiu meu olhar.

— Não espere muito dele também. — Ela puxou meu braço para longe. Saímos do restaurante pela porta dos fundos. — Esse lugar é cheio de cabeças-duras, já vai se acostumando. Só ignore e continua com seu trabalho, uma hora ou outra ele vai dizer alguma coisa. Se não falar, um dia vão se arrepender. Confia em mim.

Assenti. Ela estava certa, não precisava ficar me preocupando tanto. Eu estava ali para fazer meu trabalho e não esperar elogios de Marcos.

Um vento quente me envolveu ao sair para a rua. Minha amiga ajustou sua mochila nas costas com um suspiro.

— Como tá indo a faculdade? — perguntei, tentando mudar de assunto.

— Se tudo der certo, termino ela no fim do ano.

— E o que você vai fazer depois disso?

Ela deu de ombros.

— Tentar encontrar um trabalho como chef em algum restaurante.

Engoli em seco. Era claro que ela não ficaria para sempre nos Frangos Explosivos como garçonete. Senti um aperto no peito ao me dar conta disso. Não seria a mesma coisa. Dei um abraço nela.

Frangos Explosivos [Completo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora