Frangos Explosivos [Completo]

Capítulo trinta e nove

Eu precisava conversar com o Marcos. Eu o via poucas vezes ao longo das semanas e quando o encontrava, procurava uma desculpa para me afastar dele. Por mais que uma pequena parte de mim desejasse sair do trabalho, outra não tinha coragem de fazer isso.

Marcos aparecia com o rosto fechado, ficando em seu escritório durante todo o tempo.

No fim da terça-feira, quando não tinha mais como fugir, respirei fundo e bati na porta do seu escritório antes de pensar duas vezes.

Eu podia fazer isso. Ele entenderia e tudo ficaria bem no final. Fui responsável por trazendo mais clientes. Um dia longe do trabalho não faria tanta diferença assim.

Passei a mão no cabelo e entrei no escritório.

— Posso conversar com você por um minuto, Marcos?

O chefe assentiu, sem tirar os olhos do notebook.

— O que precisa?

Um dia sem trabalhar para conseguir participar de uma show na televisão. Não, não poderia falar desse jeito. Eu precisava controlar um pouco minha língua e pensar antes de liberar as palavras. Era um momento delicado, não podia liberar nenhuma bobeira.

Marcos não parava de digitar no computador.

Engoli em seco.

— Bem, não vou demorar muito, só quero fazer... uma pergunta, um pedido para você.

Marcos ergueu as sobrancelhas.

Minhas mãos ficaram inquietas.

— É só uma dúvida.

Dúvida?

— Desembucha, Axel. — Ajeitei meu corpo na cadeira, tentando encontrar uma posição confortável. — Aconteceu alguma coisa?

Neguei firme com a cabeça.

— Não aconteceu nada. Tudo está ótimo, as pessoas estão gostando das mágicas, o que é muito bom e eu me sinto como se estivesse... — Marcos não estava com uma expressão convidativa. Ele me olhava com olhos perdidos e as mãos cruzadas junto ao peito. Tudo bem, estava falando demais, precisava ser mais objetivo. — Eu quero saber se o senhor poderia me dar uma folga nesta quinta-feira. Só um m nesse dia, nada demais.

Fechei a boca com força.

Meu chefe tirou os óculos e semicerrou os olhos, sem falar nada. Meu coração batia tão alto que Marcos devia estar ouvindo.

— Por qual motivo seria essa folga?

— Fui convidado para participar do Show de Talentos.

E então a reação que menos esperei aconteceu: Marcos começou a rir.

— Show de talentos?

Permaneci imóvel, sem saber o que fazer. Ele achava isso engraçado? O que tinha de graça nisso? Eu pensei que ele confiava no meu trabalho.