Capítulo oito

1.8K 310 201
                                    

O sol estava clareando do lado de forma, iniciando mais uma quinta-feira

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

O sol estava clareando do lado de forma, iniciando mais uma quinta-feira. Havia uma montanha do tamanho do Everest em cima da pia da cozinha. Um conjunto de pratos, panelas, copos e talheres misturados uns com os outros. Respirei fundo, tentando arrumar forças para limpar. Não era a minha intenção deixar as coisas tão bagunçadas desse jeito. Era impossível conseguir manter tudo tão arrumado.

Minha mãe costumava cuidar disso quando eu morava com ela. Nunca foi uma preocupação para mim, porém, como me mudei e tudo se tornou por minha conta, eu vi o tanto que aquilo era desgastante.

Peguei meu celular e coloquei em uma música para preencher o silêncio sufocante enquanto limpava. Sempre gostei da quietude, mas isso estava se tornando um monstro para mim. Com o silêncio, os meus pensamentos falavam mais alto dentro de mim. Eu precisava silenciá-los.

A melodia começou com os acordes de um violão. Era um cover de uma música feita por Sabrina e postado no youtube. Ela estava sentada na cama com o instrumento em mãos e encarava a câmera. Era linda com o cabelo preso e os olhos castanhos. Na parede atrás de si havia luzes natalinas presa ao redor da sua cabeceira. Aumentei o som. Era bom para matar a saudade e fugir dos meus problemas.

Eu ainda estava esperando uma resposta de algum trabalho. Minhas esperanças estavam acabando. Eu não tinha nenhuma experiência e meu horário disponível era curto demais. Seria um milagre ser chamada. E se não fosse, eu ainda não sabia o que fazer.

Esfreguei a panela com mais força, tentando tirar uma mancha. Será que eu conseguiria viver apenas com o auxílio da universidade?

Neguei com a cabeça. Não era suficiente. Teria que conseguir de alguma forma um emprego. Qualquer um.

Eu só precisava ter calma.

A música de Sabrina terminou e no mesmo instante meu celular começou a tocar. Peguei o aparelho, olhando para a tela. Era minha mãe. Meu coração pulou. Aquela chamada poderia ser minha salvação. Ela vai falar que não preciso me preocupar. Será que era ilusão demais achar que conseguiu dinheiro?

Saí de perto da pia e levei o telefone ao ouvido. A voz de Isabel estava tensa. A situação em casa não havia melhorado.

— Mas não foi por isso que liguei. Quero saber como você está. Se tudo tá indo bem — disse Isabel com a voz embargada. — Me sinto péssima em todas às vezes que lembro de tê-la deixado nessa situação.

Comecei a andar em círculos. Eu tentava ao máximo não entrar em prantos quando a ouvia.

— Não foi sua culpa. — Sentia minha boca ficar seca. — Eu estou bem aqui.

— Mas como tá o dinheiro? Quanto você ainda tem? Eu estou muito preocupada com você, Sandy. Queria poder te ajudar para não se preocupar mais com isso. Só que você sabe...

Sua voz falhou, impedindo a frase de perpetuar. Ela fungou o nariz do outro lado. Ah não. Se ela chorasse, eu ia fazer o mesmo.

— Eu tenho o suficiente. — As mentiras saíram antes de eu perceber. — O auxílio da faculdade está me ajudando.

Frangos Explosivos [Completo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora