Capítulo dezoito

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Eu estava decidido a contar a ele

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Eu estava decidido a contar a ele. Precisava fazer isso. Eu conseguia ouvir a parte lógica de meu cérebro gritando comigo e me impulsionando para falar. Meu corpo parecia que iria explodir em mil pedaços. Minha cabeça latejava e eu me sentia enjoado como nunca antes. Só esperava que ele lembrasse de todos os nossos momentos bons para não ficar com tanta raiva de mim.

Andamos pela Lagoa da Pamplona e passeamos na Capela Curial de São Francisco de Assis. Era uma igreja projetada por . Era bem famosa na cidade. Paulo parecia animado enquanto via e comentava sobre como ela era diferente.

Andamos mais um pouco e depois fomos ao restaurante Trem Bão na hora do almoço. Consegui me distrair e acalmar ao comer um prato de galinhada. Tudo estava indo bem, Júlia ria e contava sobre uma história da nossa infância. Eu ainda estava decidindo como iria contar para meu pai. Será que devia falar agora? Precisava ser um momento perfeito. Olhando para ele, consegui ver um sorriso em seu rosto.

Como se lesse meus pensamentos, meu pai me fitou.

— Axel, eu ainda nem consegui ouvir sua voz direito. Parece até que alguém colou sua boca. O que deu em você? Me conta um pouco como está indo a faculdade.

Engoli em seco. Desembucha, Axel. É esse o momento perfeito, certo? Mas e se ele surtasse? Estávamos em um restaurante lotado e eu preferia fazer a conversa em um ambiente mais reservado. Não era o lugar ideal para contar algo tão grande como aquilo.

— Ah, sabe como é. — Minha voz saiu tremida. — A mesma coisa de sempre.

Senti os olhos de Júlia me queimarem, mas não a encarei. Abaixei a cabeça. Não tinha coragem. Meu deus, olhar pra ele tornava tudo difícil.

Eu era uma pessoa horrível.

— Eu trouxe alguns livros para te ajudar. Muitos que eu usei nessa época. Encontrei eles esquecidos no apartamento. Não preciso mais deles, vão ser muito úteis a você. Além do mais, eu conversei com um amigo meu daqui e ele está disposto a te dar uma vaga de estágio no escritório dele. O que acha?

Minha irmã bateu na minha perna por baixo da mesa. Encolhi e tentei disfarçar minha careta. Levantei a cabeça.

— Talvez depois. Ainda estou cheio de coisas para fazer. Tenho meu trabalho no Frangos Explosivos.

— Você não precisa mais trabalhar nesse lugar. Não sei por que ainda está nele.

Meu pai estava com as sobrancelhas erguidas. Não sabia direito o que dizer. Falei que iria pensar na proposta do seu amigo para depois dar a resposta. Isso o deixou satisfeito e eu pude respirar aliviado quando o assunto foi para Júlia e seu curso de Psicologia. Minha irmã ainda estava me olhando de soslaio. A minha perna ainda doía pela parte que me chutou.

— A gente precisa celebrar um pouco, né? — disse meu pai, chamando o garçom e pedindo uma garrafa de vinho.

Celebrar, o quê?

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