Frangos Explosivos [Completo]

Capítulo vinte e dois

Havia algo diferente nela. Parecia distante, mesmo estando há poucos centímetros de mim, sentada enquanto comia o frango frito em movimentos precisos.

— Você quer ver as mágicas que fiz? — perguntei, tentando de alguma forma acabar com a distância entre nós.

Ela assentiu e eu levantei para pegar minha mochila, tirando um baralho de dentro dele. Voltei a me sentar em sua frente e ergui o queixo, me preparando. Truques com cartas eram clássicos que todo mágico sabia fazer — ou deveria saber. As possibilidades com elas eram infinitas. Não havia limites. Era uma arte que ultrapassava barreiras e questionava o impossível. Se eu realizasse todas que sabia, ficaria por horas fazendo. O que não era uma má ideia. Poderia fazer isso o dia inteiro.

Sandy não tirou os olhos de minhas mãos.

— Como você consegue fazer isso tudo? — perguntou depois de eu fazer algumas.

— Eu não posso contar, perderia toda a graça — Curvei os lábios. — Melhor ficar para sua imaginação.

Sandy grunhiu.

— Você me tira do sério, Axel. Só queria saber dessa.

— Só dessa?

— E a do cubo mágico também, até hoje fico me perguntando como você fez aquilo.

Sabia que ela iria gostar. Consegui ver em seus olhos, eles não me enganavam.

— Hoje eu fui contratado para fazer uma nova apresentação. Um homem viu os meus truques e me contratou para a festa de seu filho na sexta-feira a noite.

Sandy arregalou os olhos.

— Sério?

— Ele gostou muito da apresentação. Disse que sempre passa na rua para ver minhas mágicas. — Comi mais um pedaço de frango, como se estivesse dentro de um sonho.

— Isso é incrível, Axel! Sabia que seria chamado para mais espetáculos!

Tive vontade de levantar e abraçá-la para sentir seus braços em volta do meu corpo. Contudo, em vez disso, me contive na cadeira.

— E se você for minha ajudante? — A ideia surgiu de repente em meus pensamentos.

Ela franzindo o cenho.

— O quê?

— Alguns mágicos têm ajudantes para ajudar na apresentação. Você podia ser a minha. Posso te dar parte do pagamento que eu receber pelo espetáculo.

Era uma ideia incrível. Dessa forma San conseguia dinheiro para se manter na cidade, e eu teria alguém para me ajudar.

— Axel...

— Você sairia muito bem, tenho certeza.

— Acho que não.

— Por quê?