Capítulo sete

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Meus pais me surpreenderam com um espetáculo de mágica na minha festa de aniversário de sete anos

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Meus pais me surpreenderam com um espetáculo de mágica na minha festa de aniversário de sete anos. Eles montaram um pequeno palco no jardim de casa e contratam um mágico barbudo para fazer os truques. Fiquei a festa inteira sentado na grama vendo as mágicas. Alguns amigos da escola apareceram na festa, mas nenhum deles se interessaram no espetáculo como eu.

Meus olhos não desprenderam do palco. O mágico vagava como se fosse uma pena. Uma estrela. Ele fazia tudo com tanta naturalidade, como se estivesse respirando. Eu nem mesmo piscava enquanto o encarava. Meu corpo se inclinava, tentando prestar atenção a cada detalhe.

Meus pais tiveram que me tirar de perto na hora do parabéns. Esperneei por alguns minutos até conseguirem me acalmar. Eu tinha uma fotografia que alguém tirou na hora do bolo. Eu estava com uma cara emburrada enquanto todos sorriam ao meu redor. Eu me recordava tão bem daquele dia. Eu só queria sair logo dali para voltar a ver as mágicas. Por que precisavam cantar ao redor de um bolo? Não consegui entender na época.

Mas para minha felicidade, no fim da festa eu ganhei um presente do mágico. Ele me deu sua cartola. Ela era desgastada e uma parte do chapéu estava com o tecido desgrudando. Guardei meu presente com muito cuidado. Era uma memória muito forte para me desvincular dela.

Eu precisava guardá-la. Um lembrete do que era importante para mim. A mágica e todo o seu poder de transformar vidas e trazer alegria.

Foi quando todo o meu sonho surgiu. A mágica me manteve vivo, me deixando erguido enquanto o mundo desmoronava ao meu redor. Comecei a praticar os truques pelos anos seguidos. Cresci cercado por esse mundo até chegar aos meus dezenove anos e tudo começar a desandar no começo do ano. 2017 começou com um desastre.

Sai do curso de Direito para me tornar um mágico profissional. Gastei todo meu dinheiro guardado para fazer o meu primeiro espetáculo em cima do palco de um teatro. Era aberto ao público, mas foi um pesadelo do início ao fim. Poucas pessoas apareceram. Eu não consegui nem mesmo vender vinte entradas.

Ao começar o espetáculo e ver só dez pessoas na plateia, meu corpo travou. Nem meus supostos amigos da universidade apareceram. Consegui apenas reconhecer minha irmã na primeira fileira e uma ou outra pessoa que conhecia na rua.

Júlia acenou e sorriu, tentando me encorajar.

Meu coração disparou. Senti meus dedos melados e a roupa de mágico grudando na minha pele. Não consegui mover os lábios ou o corpo. Pela primeira vez — depois de meses preparando para aquele momento — tive vontade de desistir. Me senti um idiota por achar que seria um sucesso. Como eu acreditei que iria brotar um monte de pessoas no dia? Foi muita ilusão.

Os minutos se passaram e eu não consegui me mover. Uma pessoa da plateia levantou e começou a andar para fora do teatro. Encarei-a enquanto Júlia estava fazendo todos os sinais possíveis para eu começar o espetáculo. Não fiz nada, meus músculos não me obedeciam. Continuei imóvel como uma estátua, observando outras pessoas irem embora.

Frangos Explosivos [Completo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora