Capítulo vinte e sete

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Meu quarto estava preso no tempo, sem nenhum objeto fora do lugar

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Meu quarto estava preso no tempo, sem nenhum objeto fora do lugar. Poderia ser um lugar comum como qualquer outro, mas a única diferença que o tornava único era as memórias marcadas deixadas pelo lugar. Algumas eu nem gostava de lembrar, meu corpo arrepiava ao olhar para elas.

Havia o mural cheio de recordações preso na parede ao lado da cama; a escrivaninha de frente para a janela; o guarda-roupa e a estante que praticamente vazia, exceto por alguns livros que não levei para BH.

O espaço do meu mapa-múndi estava vago, deixando o lugar sem graça. Não parecia mais como se o lugar pertencesse a mim. Talvez eu devesse colocar algo para preencher o vazio, mas não fazia diferença. No domingo eu iria voltar para Minas e deixar tudo para trás de novo. Eu era apenas uma visitante.

Deitei na cama, escutando o colchão ranger, como se estivesse me dando as boas-vindas. Olhei para mural de fotos. Criar um novo mural para minha fase de vida em BH foi a melhor escolha que fiz. Não queria lidar com as fotos do meu passado todos os dias. Principalmente as que tinham o Rafael. Meu estômago revirava ao olhar para sua cara de inocente.

Idiota! Você acabou com minha vida, sabia? Ele não iria me ouvir. Não fazia diferença se eu gritasse.

Meus olhos ferveram.

— Babaca — sussurrei na direção de sua imagem e saí do quarto, me sentindo sufocada. Abri a porta do quarto de Sabrina para conversar com ela e conseguir me distrair. A imagem de Rafael não saia de minha mente. Balancei a cabeça para afastá-lo de mim.

O quarto de minha irmã continuava a mesma coisa. O mesmo piano, o violão encostado na parede e seu característico pôster da série Sabrina, Aprendiz de Feiticeira. Assim como eu, minha irmã também recebeu um nome para homenagear algo que minha mãe amava. E a personagem Sabrina Spellman foi uma delas.

Observei Sabrina se preparando de frente ao espelho. O namorado dela chegaria a qualquer momento.

— O Daniel é legal com você? — perguntei, fazendo-a notar minha presença.

Ela deve ter percebido minha pergunta escondida entre as palavras. Ele é igual o Rafael? O que ela menos precisava era encarar alguém como ele.

— Ele é uma ótima pessoa. Você vai gostar dele.

Engoli em seco. Esperava que sim.

A campainha tocou e Sabrina saiu em disparada do quarto, passando por mim como um foguete. A seguir com passos hesitantes. Seu sorriso se alargou quando o suposto namorado entrou na casa.

Ele tinha o cabelo moreno cheio de gel, seu rosto era bem marcado e, para a minha surpresa, estava usando uma roupa social como se estivesse indo a uma festa chique.

— San, esse é o Daniel — disse o trazendo para perto de mim.

Ele largou a mão da namorada.

Frangos Explosivos [Completo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora