Capítulo quarenta e cinco

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Meu pai não atendia as chamadas, nem ao menos visualizava as mensagens

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Meu pai não atendia as chamadas, nem ao menos visualizava as mensagens. Todas as tentativas de me desculpar se tornaram inúteis. Eu conseguia uma forma de desapontá-lo.

Não tinha como fugir da mentira, precisei encontrar uma maneira de me desculpar com ele. Saí de Belo Horizonte, pegando um ônibus até Ribeirão Preto.

— Você não precisa ir se não quiser — disse eu para Júlia enquanto arrumava as malas.

— Ah, pode ter certeza que não vou perder esse momento. — Ela sorriu, se divertindo com meu sofrimento. — Eu disse que isso ia dar merda.

E ela ficava feliz quando mostrava que estava certa.

— Erika vai estar lá — rebati, esperando que isso a fizesse mudar de ideia, porém Júlia se tornou mais decidida.

— Por isso mesmo eu vou. Preciso resolver isso logo antes do casamento.

Nós compramos passagens e arrumamos as coisas antes de sair para a rodoviária. Ouvi a voz da minha irmã ao longo de todo o caminho, falando sobre o meu erro e repetindo sobre eu ser cabeça dura.

Abaixei os olhos para as mãos, ficando calado enquanto revirava nos meus pensamentos meu discurso de desculpas. Tive que me manter forte pelo resto da viagem até desembarcar na rodoviária e pegar um táxi até a casa de meu pai.

Minhas pernas ficaram inquietas, com as mãos soando ao tocar a campainha do apartamento cento e nove, com um tapete de boas-vindas nos esperando na porta. Júlia também ficou tensa do meu lado, com a possibilidade de ver Erika do outro lado. Ela também tinha seus próprios problemas para lidar.

— Olha quem tá aqui. — Helena abriu a porta, sorrindo para nós. — O pai de vocês vai ficar feliz com isso. Paulo, corre aqui!

Eu e Julia nos entreolhados. Não tive tanta certeza disso, será que ela não sabia o que eu fiz?

Houve passos do outro lado. Senti o corpo ficar tenso quando meu pai apareceu atrás de Helena, com a surpresa dominando seu rosto ao me encarar.

— O que vocês estão fazendo aqui?

Pigarrei.

— A gente precisa conversar.

Paulo contraiu a mandíbula, deixando um silêncio denso percorrer por nós. Helena tentou suavizar o momento, abrindo caminho para entrarmos no apartamento. Julia ficou com os olhos vagando pelo lugar, com seus ombros se tencionando ao procurar por Erika.

Os móveis da casa continuavam o mesmo lugar. Passei anos vivendo no apartamento depois do divorcio de meus pais. Eram muitas memórias escondidas por aquelas paredes. E mesmo sendo tão familiar, era estranho ao mesmo tempo. Havia novos detalhes pela casa que eu não conhecia, móveis diferentes que não faziam parte de meu passado. Dava para ver que Helena estava deixando sua marca pelo lugar, se tornando parte do lugar.

Frangos Explosivos [Completo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora