Capítulo quarenta e três (parte um)

597 102 22
                                    

Não saí perto de minha vó

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

Não saí perto de minha vó. Fiquei fazendo companhia quando mãinha foi ao trabalho, sem poder tirar dias de folga. O quarto do hospital era compartilhado com outras pessoas, com todos envolvidos em suas próprias dores para conseguir me notar. Fiquei o dia inteiro ao lado de Eva, sem soltar a sua mão, até minha mãe voltar do trabalho e me forçar a tomar um ar do lado de fora.

Custei a largar a mão de Eva. Eu sempre sentiria falta de seus dedos, mesmo quando um vento fresco tomou conta de mim, com o sol quente queimando minha nuca. Admirei o céu com o sol começando a sumir no horizonte. Fechei os olhos para sentir os raios solares atingirem meu rosto.

Mesmo sendo claro, sem conseguir ver as estrelas, fiz um pedido a elas. Um desejo para que protegessem vovó e a fizessem se sentir bem de novo. Se elas estavam ouvindo ou não, eu não sabia dizer, mas não custava tentar. Era minha maneira de pedir ajuda, a única que eu tinha forças para fazer.

Peguei o celular e observei a tela brilhando enquanto lia as inúmeras mensagens acumuladas. Grande parte era de Axel e Giovana, mandando palavras positivas de que tudo ficaria bem. Engoli minhas lágrimas. Eu precisava acreditar neles. Se não, como conseguiria me manter inteira até todo o pesadelo passar?

Algumas pessoas sentaram perto de mim, conversando e trocando risadas. Queria me sentir como elas. Rir um pouco e fingir que tudo era um delírio. Eu não tinha nem forças para sorrir. Como podia fazer isso quando vovó estava sofrendo? Parecia errado.

Fechei a boca com força e voltei para dentro do hospital, deixando as risadas para trás e sendo absorvida pelo clima denso do quarto de vovó.

Quando entrei, tive uma surpresa ao deparar com os olhos de Eva abertos, encarando o rosto de minha mãe. Minha mãe estava cochichando palavras, mas parou depois de me ver.

Vó Eva não me reconheceu quando cheguei perto. Eles continuavam perdidos, porém vê-los de novo deixou meus ombros relaxados, me trazendo tranquilidade pela primeira vez ao dia.

Voltei a sentar no seu lado, tendo a oportunidade de sorrir ao vê-la consciente.

— Ela se sente bem melhor — Mãinha me assegurou, falando por ela. — Mas ainda precisa descansar. Você e a Sabrina precisam também. Melhor voltarem pra casa enquanto eu fico aqui.

Olhei em choque para ela.

— Você que devia ir. — Seu rosto implorava por horas de sono. Ela nem teve tempo de descansar depois do trabalho, precisou vir ao hospital em seguida.

— Você ficou aqui o dia inteiro, agora é a minha vez.

Meu descanso estava me esperando ao lado de Eva. Ficar em casa, sozinha, era mais torturante. Não tinha como ter paz e sono enquanto me perguntava o que acontecia no hospital.

— Você precisa descansar mais do que eu. — Até vovó sair do hospital, aquela seria minha casa temporária.

— Sandy...

Frangos Explosivos [Completo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora