5. Visitas do passado

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– Anda logo, gente! Vamos nos atrasar. Todo ano é isso – O senhor Carter resmunga passando por mim enquanto se dirige à porta do ônibus.

Como alunos do último ano ainda são tão imaturos continua um mistério para mim. Olho ao redor para ver se encontro alguém, mas Jake não chegou ainda e Hazel já entrou no outro ônibus. Alguém me observa, Jordan. Ela mantém o mesmo olhar misterioso sobre mim enquanto ajeita o casaco e a mochila nos ombros. Não conversamos mais depois do esbarrão no corredor, mas eu esperava arrancar algo dela hora ou outra. Principalmente depois de decretar que ela definitivamente não seria uma predadora.

Decido que não vou esperar Jake chegar, pois não estou afim de irritar ainda mais o Senhor Carter. A última vez que isso aconteceu não foi muito legal. No primeiro ano, quando eu sentava um degrau abaixo de Clara Mason e Jake ainda insistia em namorar a garota da outra escola e gostar de mim em segredo, Carter deu em cima de mim quando eu saía do vestiário. Eu não correspondi e ele quase me reprovou.

Entro no ônibus e tento ajeitar a bolsa da minha barraca no lugar de colocar a mala acima do banco, mas não encaixa de jeito nenhum, e ao invés de me ajudar, Jess se preocupa mais com a cor do seu novo batom. Bufo e tento, em vão, empurrar mais uma vez aquela bolsa enorme. Por que eu não o joguei logo no compartimento de malas correto, na lateral do carro?

– Aqui, eu ajudo – Adam surge atrás de mim e eu sorrio por ele realmente ter vindo – Seus valiosos treinos não estão te deixando na melhor forma? – Ele pergunta sarcástico, mudando o ângulo da bolsa e encaixando perfeitamente no local – Nem sempre se resolve com força bruta.

– Obrigada, você é meu herói – Enrolo os braços ao redor da sua cintura, adorando o fato de estarmos nos aproximando de novo, mas um pigarreio me interrompe.

– É realmente muita gentileza, Summers, mas pode soltar a minha namorada agora – Jake diz autoritário, e já posso imaginar Adam revirando os olhos. Era um saco ter que deixar Adam de lado quando meus amigos chegavam por perto, mas o que eu podia fazer se ele não queria que eu o colocasse ao meu lado no refeitório?

– Ah, me perdoe por tocar na majestade. Vai cortar a minha cabeça? Me jogar da prancha?

– Adam, por que não vai se sentar? – Sussurro fechando os olhos e me afasto dele antes que alguma briga aconteça, de novo. Vamos dizer que o histórico de Adam e Jake é conhecido e não é bem um exemplo a ser seguido.

– Allyson...

– Tá tudo bem, mesmo – Ando em direção ao Jake e passo o braço pela sua cintura, enroscando o dedo no passador de cinto da calça jeans. Ele me abraça de lado apertando meu ombro em um jeito meio possessivo.

– Ótimo, nada mudou não é mesmo? — Adam resmunga – Oi... Jessica — Ele hesita ao passar por nós.

– E aí, gatinho esquisito – Ela o cumprimenta com um sorriso cínico e ele bufa de novo.

– É, nada mesmo – Ele diz e vai se sentar no fundo

Estou prestes a fazer o mesmo no assento em que coloquei a minha mochila, mas alguém esbarra em mim enquanto Jake fala com um amigo e eu quase caio no corredor estreito. Jordan se vira e murmura desculpas. Claro que tinha que ser ela, era perseguição. Só podia ser. Será que ela ainda não viu que eu sou hétero? E que eu namoro?

– Foi sem querer – Ela balança a cabeça, mas antes de procurar um lugar, eu me assusto quando seus olhos ganham um tom de amarelo vibrante.

– Ok galera, quero todos sentados agora – Ouço a voz do Senhor Carter e tomo meu lugar na janela enquanto Jake se senta ao meu lado. Ele deposita um beijo no meu rosto antes de me abraçar – A reserva é um pouco longe daqui, como vocês sabem, mas tem muita coisa legal pra catalogar, vamos passar uma noite acampados e voltamos amanhã durante a tarde.

Flor da meia-noiteWhere stories live. Discover now