12. Um adeus, a coroa, e o mestre

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Certa vez, passei em uma loja que tinha uma vitrine horrenda, mas resolvi entrar, e lá dentro tinha um mundo de souvenirs muito legais e me perguntei o porquê da dona não se interessar em atrair melhor os clientes dela através da vitrine, e cheguei a uma conclusão que deveria ter chegado bem antes. Eu entrei por sorte, mas imagina quantos clientes em potencial ela perdia diariamente por ter uma vitrine horrenda? As pessoas são atraídas primeiramente pela estética externa, ou seja, a vitrine é sua primeira impressão, e geralmente é a que fica.

Nós somos uma eterna vitrine, expostas para o mundo, se você não mostra uma vitrine legal, quem vai querer saber de você? Lembra que eu disse que vivíamos em um palco de teatro? Pois então vamos lá para mais um ato.

Meu coração parecia querer sair pela boca por tantos motivos que eu até perdi a conta. Passei anos tentando construir uma imagem e agora estava prestes a desistir de tudo por uma crise de identidade. Só que olhando para trás, percebi o quanto aquela situação parecia banal. Eu conseguiria ser uma presa, conseguiria jogar vôlei no ginásio público e conseguiria compreender melhor tudo ao meu redor se tivesse passado esse tempo todo com o Adam. Não teria conhecido Jessica e nem estaria tão devastada pela morte de Jake.

A encontrei sentada no nosso lugar de sempre, perto das máquinas de refrigerante, então respirei fundo e me aproximei. Deu para notar o quanto o clima estava tenso apesar de seus melhores esforços para animar o grupo. Levando em consideração tudo o que aconteceu e o que estava acontecendo, era de se esperar que os nervos de todos estariam à flor da pele, era uma tpm constante. E ela não estava ajudando.

— Olha só quem resolveu voltar de Aruba — Comentei cruzando os braços, e ela se levantou.

— Olha só se não é a rainha viúva.

— Não precisamos envolver o Jake nisso.

— Sabe que isso não vai resolver nossos reais problemas, Ally — Hazel sussurra atrás de mim e percebo que ela se aproximou junto com Jordan. Aí Adam surgiu, com uma pequena ruga entre as sobrancelhas, curioso quanto ao que estava acontecendo.

— Novos servos? Impressionante, Hale, você nunca fica pra trás.

— Eu não quero discutir, Clove, sério. Só estou passando pra avisar que eu cansei, cansei de ser o centro das atenções e o alvo de fofocas constantes. Então pode ficar com os meus restos, porque eu tô fora.

Os murmúrios aumentam, e a famosa roda começa a se formar ao nosso redor. É incrível o quanto as pessoas esquecem que têm mais o que fazer quando duas predadoras começam a brigar.

— Tá com raiva porque depois de anos, seu namorado se cansou e preferiu a mim.

— É, vai ver ele morreu de herpes, a que pegou de você — Eu sei, eu sei, disse que não envolveria o Jake nisso, e me arrependi na mesma hora que as palavras saíram da minha boca. Eu não queria desmerecer a morte do cara que amei na frente de toda aquela gente, mas nunca fui de baixar a guarda facilmente, e garanto que aquela não seria a primeira vez — Não quero mesmo brigar, então é isso, é a abelha rainha agora, obrigada — Faço uma reverência e levanto as mãos em sinal de rendição.

Caminho até minha sala com os três ao meu lado. Depois no que não éramos apenas quatro. Zack vinha logo atrás de Hazel, com April nos seguindo com um olhar sapeca no rosto, Sabrina e Lindsay também vêm, sabendo que aquilo nunca seria levado a diante.

— E eu achando que hoje seria um dos dias bons — Bufo me sentando no lugar de sempre.

Lindsay encostou o ombro no meu e sorriu:

— A gente tá contigo Ally, somos seus amigos.

— E eu vou pra onde essa mulher for, mesmo ela me chamando de humano toda hora, o que é muito estranho — Zack abraça Hazel e deposita um beijo em sua testa — Mas não se preocupe, também gosto muito de você.

Flor da meia-noiteWhere stories live. Discover now