24. Cinco minutos

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Eu sempre fui uma garota festeira, – quando eu tinha a oportunidade de sair, claro – e isso parecia a coisa mais normal do mundo para mim. Mas entendo que para David tudo seja meio mágico demais. Imagino que seja a mesma sensação que tive quando Clara nos levou para a nossa primeira festa.

O dj bebia algo desesperadamente do seu copo, e balançava a cabeça no ritmo da música. Os corpos suados, quase sem roupa e cobertos de desenhos em tinta neon esbarravam uns nos outros, mas pareciam animados. A decoração estava perfeita como sempre. Modéstia a parte, eu e April estávamos craques nisso.

— Allyson! — Kate surge do nada e me dá um abraço de urso — Já estava me perguntando a que horas ia chegar.

— Uma boa rainha sempre chega elegantemente atrasada — Ela ri e percebo em seus olhos que já está bêbada — Esse é o David! — Tive que gritar por conta da música — Vai se formar com a gente.

— Hey — Kate sorri e o abraça. David fica confuso no início, mas seus olhos brilham depois de perceber que sua mão estava perto da bunda dela — Bem-vindo ao bando!

Eu não precisava dizer que tinha trago David para o bando, ele só precisava ser visto comigo, e apresentado logo depois. Eram assim que as coisas funcionavam.

— Obrigada! — Depois que Kate sai dançando, ele se vira para mim — Bando?

— Predadores, lembra? Parece que você faz parte do grupo agora com esse cabelo novo super sexy.

— Ela está bêbada, e só temos mais algumas semanas de aula. Isso adianta?

— Nossa, como você é pessimista. Quer dar uns beijos em alguma predadora antes do semestre acabar ou não?

— Só em uma – Ele pisca e eu reviro os olhos.

Sorrio e o puxo para apresenta-lo a mais umas pessoas. Enquanto isso, me perguntei se as coisas poderiam ter sido diferentes de alguma forma, se aquilo deixaria, de alguma forma, tudo mais fácil. Então caí em mim e franzi as sobrancelhas por pensar nisso. Deus, que besteira. David Barney?

Dane-se, ele estava tão gato.

— Você tá com cara de brava — David diz dançando comigo — Tá brava?

— Não — Franzo as sobrancelhas de novo — Estou frustrada.

Ele faz uma pausa pra analisar minha afirmação e sorri:

— Sexualmente?

Me aproximo dele e quando nossos lábios estão quase se tocando, eu me afasto e puxo ele para as tintas.

— A Jordan vai me matar.

— Quer falar da Jordan? — Tiro a jaqueta que estou, ficando apenas com um sutiã branco rendado, brilhando na luz negra — Ou quer pintar meu corpo?

— Eu quero pintar seu corpo.

— Ótima escolha — Sorrio e lhe entrego o pincel.

Depois de muito tempo dançando, nem percebi a hora passar. Jessica chegou, junto com Adam, Kaleesa e Kyla. Não me importei muito com eles, continuei junto com David. Ainda era estranho ver Jess com Adam, mais estranho ainda os ver de mãos dadas. Desde que ele me contou que estavam juntos, tentava me acostumar com a ideia de que minha melhor amiga e meu amigo mais antigo estavam juntos há pelo menos um ano.

A música se tornou abafada de repente, e um ruído metálico tomou conta do ambiente, como ferro arranhando ferro, unha no quadro negro. O chão se moveu sob mim quando me senti tonta. Procurei um apoio para não cair quando tudo tremeu e o ruído se tornou ainda mais alto. O que encontrei foi o ombro de David, e ele parecia não estar ouvindo nada.

Flor da meia-noiteWhere stories live. Discover now