23. Marie Blake

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— Sonho de inverno — Começo dizendo enquanto aponto para o quadro que eu e Jessica montamos ontem. Essa era a parte da vida da Allyson que eu simplesmente amava, eu adorava a atenção que davam para a gente e adorava a forma como podíamos pisar em quem quiséssemos. Allyson não sabia, é claro, que quando ela estava tirando com a cara de David Barney, por exemplo, era eu que estava no comando — Vamos aproveitar as cores da escola e deixar tudo mágico e inesquecível. Vai ser grande, rico em detalhes, e ao mesmo tempo simples e apaixonante. Vai ser uma noite de memórias, para relembrar quando éramos adolescentes bobos que acabaram de entrar no ensino médio, então... Lindsay, quero todas as fotos constrangedoras, sei que você é boa em vasculhar o passado dos outros, C.S.I das redes sociais.

— Adorei a ideia, Ally, farei isso — Ela sorri anotando algo em um caderninho.

Passo a folha em que estava para trás e vou para outro ponto.

— No salão vai ter uma escada estilo Cinderela, ela vai representar o crescimento da gente nesses anos. Desculpem, foi ideia do diretor. Muito obrigada Senhor Hacket, você nos inspira — Jogo um sorrisinho cínico e reviro os olhos, arrancando uma risada dele.

— Disponha, Senhorita Hale.

— Os que estão de acordo com o tema, por favor, levantem a mão.

David surge atrás de mim quando estou guardando as coisas da apresentação. Ele nem deveria estar aqui nessa sala, mas está atrevido nos últimos dias.

— Você tem um dom especial para fazerem gostarem de você, não é? — Ele coloca as mãos atrás das costas — Mesmo quando é uma megera enfeitiçada.

— Não sou enfeitiçada. Eu voltei para o jogo, David, então é melhor você voltar a pisar em ovos perto de mim. O time de futebol iria adorar bater em alguém, Aviãozinho — Usei o apelido que dei há anos para ele, pelo fato de correr um boato que ele vendia drogas. Isso mesmo. Eu, não a Allyson.

— Essa não é você.

— Claro que não sou a Allyson, Deus me livre. Mas você também não me conhece. Apenas me encarou por tanto tempo que achou que sim. Me diga, David, sou realmente mais bonita de perto do que de longe? — Me aproximei tanto dele que nossos narizes quase se tocaram. Mas não recuei.

— Jordan me contou que seus olhos não estão tão verdes como deveriam estar.

Touché. David Barney sabia muito bem como me irritar.

— Meus olhos não são da sua conta — Pego a bolsa de treino e coloco no ombro esquerdo, ela está tão pesada que preciso segurar um pouco com as mãos, então começo a andar — Olha David, você não é meu inimigo, já provou que não é. Mas não quero ninguém ao meu lado que fica andando com Caídos, não pega bem. E Jordan é uma Caída agora. Ela não merece minha pena.

— Ao seu lado pra que?

— Adam ainda não me disse, mas é algo grandioso — Viro meu rosto e o encaro enquanto somos rodeados de gente se apressando para as aulas, se esbarrando uns nos outros para não esbarrarem em mim. De certa forma é gratificante pensar em mim como meu próprio escudo — Preciso da sua cabecinha humana cheia de informações e lendas — Toco o dedo indicador em sua testa.

— Adam querer o fim dos Caídos é estranho. Uma vez vi os olhos deles ficando vermelhos por um segundo na aula de educação física.

— Ele não quer o fim dos Caídos. Ele tem uma certa... admiração por eles. Mas não importa, porque Adam está sempre certo, ok?

— Ficou sabendo que Hazel perdeu os dons?

— Fiquei, finalmente agora estou livre, não preciso de um guia. Tá comigo ou não?

Flor da meia-noiteWhere stories live. Discover now