7. Doses e algum Caído para acompanhar

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Clara Mason me disse uma coisa uma vez, alguns meses antes dela se formar, ela disse: "Um dia você vai querer muito uma coisa. É quando você vai descobrir quem você é. Mas tudo tem um preço, e vai ter um preço pra isso também. Você tem que abrir mão das coisas velhas, das coisas fáceis, das coisas que parecem seguras. É assim que você se torna forte, é assim que você se torna uma predadora."

Já se passou uma semana desde que Jordan apareceu no meu quarto. Quero confiar em Jake, confiar em Hazel e em Jess, e em todas as pessoas que sentam com a gente no almoço, mas Jordan corrompe meus pensamentos, se enraizando onde não deve, criando perguntas que não devem ser feitas. E se tudo ainda for uma mentira? E se toda a minha vida se resumir em um borrão de acontecimentos sem nexo? Então no que vou acabar me tornando?

— Terra para Ally — Jessica me chama, balançando a mão diante do meu rosto — O que você tem?

Caminhamos na direção do pátio externo, onde costumamos ficar no intervalo depois de um treino, e solto um resmungo frustrado. Encaro o mar de grama e os alunos que cercam onde estamos sentadas e esfrego o polegar no rótulo de plástico da garrafa de água que estou segurando, fazendo-o enrugar.

— Você acha que Jake gosta mesmo de mim?

Jessica franze a testa, como se a ideia fosse um absurdo total.

— É uma pergunta séria? Porque achei que ele já tivesse deixado isso bem claro muitas vezes.

— É que sei lá, às vezes parece que só estamos juntos porque somos do mesmo grupo, ou uma questão de status. Ele só começou a falar comigo depois que assumi o lugar da Clara. Eu te contei como eu era apaixonada por ele desde o fundamental.

— Ele te ama, todo mundo sabe disso.

— É, tudo bem — Me acalmo e tento me concentrar na leitura do mês da senhora Grunwald.

— Além do mais — Ela endireita os ombros — Olha aquele pedaço de mal caminho.

Sigo o olhar dela e vejo Jake vindo na nossa direção com o resto do pessoal. Dou um tapa no braço dela.

— Ei, é o meu namorado que você está secando.

Ela ri.

— Eu sei. Ele é um amor.

Jake para no meio do caminho para falar com Zack, que estava agachado na grama enquanto Hazel explicava algo no caderno da Sabrina.

— Tenho que ir, preciso falar com o Senhor Carter sobre o nosso relatório. Te vejo depois?

— Claro.

Jess me deixa sozinha por uns segundos até todo mundo chegar e eu me sentir uma idiota completa por conta das brincadeiras de mau gosto. A vergonha alheia estava queimando meu rosto. O que é estranho pois venho me sentido assim durante todas as últimas semanas.

Jake está com o cabelo molhado, o fazendo brilhar ainda mais sob o sol, imagino que tenha acabado de sair do banho depois do treino. Ele passa todo o intervalo com os braços ao meu redor, e me beijava sempre que podia. De repente me senti uma completa idiota por, na verdade, levar em consideração as afirmações de uma completa estranha. Eu amo Jake, e tenho certeza de que ele me ama.

— Já que hoje é sexta-feira e faz tempo que não saímos, eu estava pensando em ir na Vic, hoje tem promoção de duas bebidas por uma — Zack sugere e eu logo me animo.

— Falou em Vic, eu tô dentro.

— Essa é a Ally que conheço — Ele estende a palma da mão pra mim e eu bato sorrindo — Jake?

— Se minha garota vai, eu vou.

— Não perco por nada — Hazel me joga um olhar malicioso e conspiratório, e eu rio já imaginando o porquê daquilo.

Flor da meia-noiteWhere stories live. Discover now