— Preciso que você acorde.
Os gemidos audíveis ecoavam pelo corredor. Gemidos de dor, de arrependimento, de medo. Meu coração está acelerado, e ainda penso no que acabei de presenciar. O horror de seus olhos dourados me encarando com tal ferocidade que me deixou apavorada, as presas saindo de sua boca, brilhando contra a luz forte. Bruxas se revelando. Mortos voltando a vida. O sangue nas minhas mãos. O que foi que eu fiz?
— Jamais esqueça quem você é — Sussurro ajoelhada no chão.
— Allyson, corre! — Alguém grita, o som é distante e não ouso me levantar. Não consigo parar de encarar o sangue em minhas mãos, e o corpo inerte de Jordan no chão da biblioteca. Tudo de novo não — O que você ainda tá fazendo aí? Corre! — Sou arrastada pra fora da sala.
— A gente fez um acordo!
— Os Arcanjos não estão aqui — David. É o David.
— Eles têm que estar — Consigo me soltar e me ajoelho novamente — Me perdoa, volta pra mim. Jordan, volta pra mim.
— Eles estão chegando. Corra!
— Arcanjos?
— Não, Allyson, os caídos estão vindo te pegar.
Alguns Dias antes:
— Você sabia o tempo todo, salvou a vida da Adina — Sussurro para Kaleesa enquanto esquento minhas mãos, as envolvendo na caneca de chá — Você sabia que tudo isso ia acontecer.
— Eu sempre fui diferente das Bruxas que viviam em Riverland, sempre tive uma certa fé nas histórias que me contavam. Então um dia tive uma visão durante a noite, de uma guerra, e de sangue preto pingando na neve. Sabia o que queria dizer, e sabia que aquele não era o fim, e mesmo depois da maldição, quando todas as pessoas que viviam no Castelo ficaram presas, eu conseguia sair. Ainda tenho fé no mundo, no nosso mundo.
— Você coloca toda a sua fé em alguém que não tem a menor ideia do que está acontecendo.
— Minha fé nunca erra.
— Adam acha que vou ganhar essa guerra, mas nem sei contra quem estou lutando.
— Muita gente te quer morta.
— Bom, isso não é nenhuma novidade — Deixo o sarcasmo bem evidente na minha voz e coloco minha caneca na mesa de cabeceira ao lado da minha cama lamentando de dor de cabeça — Por quê?
— Uma ordem social foi formada há muito tempo, Ally, os Caídos chegaram primeiro na Terra, e vocês foram criados a partir deles, serviam a eles. Então você nasceu, e Riverland cresceu enquanto você crescia. Você quebrou isso, você lutou, e você amou quem não deveria amar. Você é uma fagulha de esperança, e os Arcanjos não gostaram nada disso, além de uma Profecia dizer que você ia acabar com tudo, e mesmo que acabar com os Caídos significasse o fim da escuridão, também significaria o fim dos Nephilins, o fim de uma raça que os intrigava por também nascer da luz. Sem caídos, sem novos nascimentos, e o fim de uma linhagem longa.
— Mas por que eles precisavam dos Nephilins? Por que não deixar a coisa rolar e a Terra ser limpa novamente.
— Você realmente não sabe o poder do sangue de um Nephilim puro? — Kaleesa indaga, olhando para mim com seriedade — Você não sabe de nada?
— Ninguém nunca quis me contar.
— Dizem que o sangue de um Nephilim tem capacidades mágicas, e quanto mais puro melhor, o sangue de Nephilim que nasceu de um Caído original era o mais poderoso deles. Havia um Anjo Caído, que todos acreditam ser o primeiro deles.
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Flor da meia-noite
FantasyDizem que quando estamos prestes a morrer, um filme da nossa vida passa na nossa cabeça. Mas não foi bem isso que aconteceu comigo. Vi apenas os espinhos brilhantes de uma bela flor branca e azul. E os espinhos representavam cada péssima decisão que...