26. A rainha do baile

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Desci as escadas do salão alugado para a noite quando Don't let me down, do The Chainsmokers já estava quase no final, na melhor batida da música, e sorri quando a maioria dos olhares se voltaram para mim e Jake. É como David sempre fala, eu continuo sendo a Rainha do Baile.

A decoração estava incrível, e meu peito inflou de orgulho pelo trabalho perfeito que fiz com a April e o resto do pessoal.

Assim que terminamos nossa descida pela escada de vidro eu fui logo cumprimentar a todos. Hazel estava com o Zack no canto e eu sorri cinicamente acenando para ela.

— Vamos jogar, Jake — Sussurrei sedutoramente em seu ouvido, disfarçando para quem passasse por nós — Por que não vai pegar bebidas pra nós?

Depois de reclamar algumas coisas desconexas, porém sorrindo, ele saiu do meu lado e eu me vi sozinha no meio daquele enorme salão. Em cada canto eu podia ver meus fiéis escudeiros. Bom, meus e do Adam. Também deixei um na portaria para impedir a entrada de pessoas indesejadas, e com pessoas indesejadas eu quis dizer a Jordan. Eu podia sentir a energia escura dela a metros de distância.

Me virei para a escada a tempo de ver David descendo pela mesma, sozinho. Deixei escapar um suspiro quando nossos olhares se conectaram no meio daquele mar de gente, existia apenas eu e ele por um breve momento. O cabelo estava um pouco mais curto, a barba por fazer, e além disso, vestia um blazer azul, totalmente fora do formal e das cores que estipulei. Como ele gostava tanto de me irritar? Talvez porque sabia que era o único que podia fazer isso e sair vivo para contar a história.

— Gostaria? — Pergunta ele, e mal consigo ouvir sua voz naquela confusão, tão baixa que não passa de um sussurro.

— Gostaria de quê?

Meu coração está urrando, batendo em meus ouvidos, e ainda que haja muitos centímetros entre a minha mão e a dele, há uma energia zumbindo e murmurando que nos conecta, e pelo calor inundando meu corpo parece até que estamos colados um no outro, mão com mão, rosto com rosto.

— Dançar — Diz ele ao mesmo tempo que se aproxima, eliminando com aqueles últimos centímetros.

— Não acha que apenas uma dança comigo já não foi o suficiente?

— Dez não seriam o suficiente. Você é como um...

— Um cometa?

— Um cometa — Ele sorri. David foi sempre tão bonito?

Então, ele encontra minha mão e me puxa para perto; naquele segundo, a música soa uma nota aguda, e eu confundo as duas impressões, a mão dele e a elevação da música.

Dançamos.

Jake não volta por um tempo e quase me preocupo, se não fosse pelo calor da mão do David se espalhando por toda a minha coluna.

— Às vezes acredito que você ainda tem um lado bom — Ele sussurra e volto minha atenção para os seus olhos castanhos.

— É?

— Seu lado bom é ao meu lado.

— Eu não posso fazer isso — Murmuro me afastando — Achei que podia, mas nem uma intensificação muda isso.

— Eu sei que só tá me usando, mas me responde uma coisa, Allyson. A justiça é mais cega do que a paixão? Existe justiça na sua vingança?

— O que...?

— Você está abandonando sua família aos poucos, machucou sua melhor amiga, e tudo isso pra que?

— Glória. A Profecia diz que terei glória. E quero viver tudo o que posso viver antes de voltar para o vazio imenso, porque sei que vou voltar.

— Você não precisa de glória, não precisa de nada disso, desiste dessa ideia e volta para as pessoas que você ama.

Flor da meia-noiteWhere stories live. Discover now