Algumas horas depois eu estava na frente do Capella, um bar moribundo em Harrisburg. David estava ao meu lado, com uma jaqueta de couro, jeans escuros e botas coturno. Para falar a verdade, ele estava parecendo a versão masculina da Jordan. Desconfio que ele tenha realmente assaltado seu guarda-roupa.
Quase ri quando saí de casa e o vi sentado no banco do carro me esperando e percebi que ele realmente havia levado a sério o lance de se misturar.
Chequei as minhas roupas. Meia-calça rasgada, uma saia minúscula que achei perdida no guarda-roupa, – tempos de colégio – uma blusa cinza de banda que eu havia cortado a gola e as mangas, uma jaqueta jeans e coturno de salto.
A música era ruim e estava quase quebrando as paredes do pub, não havia letra, apenas uma gritaria sem fim, e mesmo assim a fila estava grande, quase chegando na esquina do quarteirão. Entrelacei meus dedos nos de David e sorri tentando parecer entusiasmada com uma noite de rock com meu namorado.
Bom, pelo menos esse era o disfarce.
Cheguei no começo da fila e encarei os olhos escuros do segurança.
— Seria muita gentileza da sua parte se nos deixasse entrar.
— Claro, chega aí — O moreno alto abriu a porta vermelha e eu joguei um olhar de "tudo pronto?" para David antes de entrar.
O cheiro de cigarro me invadiu e tossi.
— Isso não te lembra algo? — Tive que gritar por causa da música.
— Era o cabelo! — Ele respondeu, e soltei uma risada, jogando a cabeça para trás — Vamos procurar um lugar pra sentar.
Assim que achamos uma mesa vaga, corri para pegar guardanapos e limpá-la. Estava grudenta e o cheiro de gordura exalava, o que me deixou levemente enjoada. Ao contrário de mim, David balançava a cabeça no ritmo da música. Me virei para dar uma olhada na banda e o vi, estava tocando baixo, bem ali no canto.
— Não olha agora, mas é o moreno no baixo — Digo.
— Tarde demais, ele já nos viu, está te encarando nesse exato momento. Devo me preocupar? É alguma outra pessoa na fila pelo seu coração? — Ele brincou, mas xinguei baixo.
— Droga.
— Algo para beber? — Um barman aparece com uma tremenda cara de tédio.
— Ah, é... nos traga quatro doses de tequila.
— Pensando em quê? — David pergunta quando o homem sai em direção ao bar. Nossas doses chegam e eu bebo as minhas duas, uma seguida da outra sem intervalo — Opa, vai com calma.
— No passado — Suspiro, percebendo de repente que banda parou de tocar e outra se prepara para subir ao palco. Me assusto quando duas mãos grossas batem na mesa suja, a fazendo balançar um pouco.
— Ora, ora, Allyson, a Filha da Profecia.
— Holland — Cumprimento bebendo a dose de David também.
— O que uma Nephilim tão estimada e poderosa como você faz em um lugar com esse?
— Fiquei com vontade de dançar — Dou de ombros — Riverland não tinha muita diversão, e com certeza não tinha tequila — Levanto a dose que sobrou e viro olhando para ele.
— Pois bem, vamos dançar – Ele endireita a coluna.
— Holland, meu amor, eu prefiro morrer a dançar com você.
— Seu desejo é uma ordem, Princesa — Pulo da cadeira quando Holland crava uma faca no meio da mesa e expõe as presas em sua boca. A faca fica presa quase pela metade, com o cabo balançando. David se afasta um pouco mais, com uma feição bem assustada. Eu e Holland nos encaramos, e então começamos a rir — Estava com saudade, Hale — Ele me abraça carinhosamente.
YOU ARE READING
Flor da meia-noite
FantasyDizem que quando estamos prestes a morrer, um filme da nossa vida passa na nossa cabeça. Mas não foi bem isso que aconteceu comigo. Vi apenas os espinhos brilhantes de uma bela flor branca e azul. E os espinhos representavam cada péssima decisão que...