25. Vamos jogar

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Jake olhou para mim antes de começar a falar:

— A única coisa que me lembro é de estar deitado na maca da ambulância. Eu achava que tinha morrido, mas acordei com falta de ar, logo depois ouvi uma batida, a porta sendo aberta e eu sendo levado para um carro preto. O médico que me examinou mais cedo disse que pode ter sido uma insuficiência cardíaca, que podem ter colocado algo no meu almoço aquele dia. Enfim, quando acordei já estava nesse porão, preso a alguma máquina estranha. Fiquei lá por dias, e...

— Eu não entendo, Senhor Miller, quem está enterrado sob sua placa no cemitério? – O policial insiste.

— Como eu vou saber? Fui sequestrado, fizeram meus pais acreditarem que eu estava morto. Meu palpite é que doparam os enfermeiros e colocaram outra pessoa no saco da ambulância. Minha namorada disse que o caixão no enterro estava fechado.

— Alguém te levava comida? Viu alguém? — O detetive pergunta para Jake e ele engole em seco olhando para mim de novo através do vidro da porta. Passo os dedos pelos meus lábios como se estivesse fechando um zíper, mas ainda assim tenho medo de ele nos entregar. Ele não faria isso comigo, mas com o Adam, talvez — Senhor Miller?

— Ele usava uma máscara sempre que fazia isso.

— Ele? Como sabe que era ele?

— O corpo era de um homem, com certeza.

— Um sequestro sem pedido de resgate?

— Eu já falei tudo o que sei, detetive.

— Como escapou?

— Me colocaram no carro de novo para me levar a algum lugar, consegui me soltar das amarras e pulei.

— Com o carro em movimento? Não acha que o sequestrador teria ido atrás de você?

— Eu corri o mais rápido que consegui, sem olhar pra trás.

— E ao invés de ir diretamente para a delegacia, ou para a casa dos seus pais, resolveu ir para a casa da Senhorita Hale?

— É, achei que o choque seria demais para os meus pais, e a polícia nunca foi minha primeira opção. Meu coração chamava a Allyson.

Era um texto completamente decorado, e eu não sabia se, no fundo, Jake ainda sentia isso.

— Por quê?

— Ela é minha namorada, eu confio nela pra tudo.

— Ok, Senhor Miller — O detetive fecha o bloco de notas e se levantada da cadeira. Automaticamente me afasto da porta assim que ele a abre — Senhorita Hale, vamos investigar e avisaremos qualquer coisa. Agora preciso investigar os enfermeiros de plantão aquele dia.

— Obrigada — Sorrio e olho para Jake de canto de olho, sentado na cama do hospital — Mas eu acho, detetive — Encaro fundo seus olhos e me preparo para minha primeira Persuasão — Que o caso já se encerrou. Meu namorado está vivo e é isso o que importa.

— É claro, senhorita Hale.

Entro no quarto e levanto o polegar.

— Você foi bem.

— É, pode chamar a minha mãe.

— Jake...

— Quero ver a minha mãe, Allyson, pelo menos ela não me pede para contar mentiras.

— É complicado.

— É sempre complicado com você. Mas me deixar pela Jordan e agora trabalhar com o Adam, o cara que me colocou nessa situação, foi bem simples.

Flor da meia-noiteWhere stories live. Discover now