10. Ligações perigosas

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– Quando você vai me levar ao Peter? – Pergunto ao Adam assim que entramos no laboratório – Estou cansada de ficar treinando todo dia só com você sem saber o que tá rolando.

– Ally, eu entendo que esteja sofrendo, mas às vezes a vingança não é o melhor caminho, não se deixe levar por ela.

– Eles mataram meu namorado, Adam, meu corpo agora é feito de vingança – Sou firme – Eu prometi à minha mãe que ia achar quem fez isso.

– Tudo bem, podemos ir ao galpão amanhã, mas só se correr mais rápido, tá parecendo uma menininha.

– Ei, meus dons ainda estão aparecendo aos poucos, dá um tempo – Ele sorri e eu encosto meu ombro no dele – Você tá sendo ótimo pra mim, é bom voltar a contar com você.

E era verdade. Estar com Adam nesse momento sufocante da minha vida era mais do que eu podia pedir. Eu já estava começando a aceitar quem eu era, os dons que eu tinha recebido, o destino que foi escrito para mim. Bom, era aceitar ou morrer tentando. Além disso, era uma boa oportunidade de me vingar de quem quer que tenha ido atrás do meu namorado. Eu o faria pagar, com juros.

– Ok, só não conte à sua anjinho da guarda, tem alguma coisa nela que eu não gosto.

– Sei que não, se eu contasse que estou treinando ela ficaria louca e me seguiria a todo canto – Meu olhar viaja pela sala e noto Hazel e Jordan conversando. Imediatamente me levanto e resolvo ir pro meu lugar, já irritada. Se Jordan não quer que eu siga o curso do que foi escrito para mim (ainda tentando me acostumar), ela não é digna da minha complacência.

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Hazel, com um dos pés em um banco, está amarrando os cadarços quando entro. Nem tive a chance de repousar minha bolsa antes que ela se inclinasse para a frente e agarrasse meu braço.

– O que foi aquilo no treino hoje? – Ela está contendo um sorriso, e seus olhos parecem um cata-vento de cores castanhas, todas em tons diferentes. O treino de vôlei hoje no almoço foi um pouco revelador demais quando ataquei a bola forte o suficiente pra derrubar Liz Donavan no chão e ela ir pra enfermaria com uma dor causticante na cabeça – Allyson Hale, você é minha heroína.

– Não sei o que aconteceu. E a Liz é legal, para com isso – Sorri – Você não está com o Zack? Deixe ela com Chase.

– Detesto tirar os dentes da presa, mas você tem razão – Ela dá de ombros.

Desde que Jessica foi viajar sem avisar a ninguém depois que Jake morreu, só me restava a Hazel para me ajudar a sair do precipício que era sentir a falta dele. E ela era boa nisso, em me distrair.

Abro o armário que mantive em meus três anos e meio na Lincoln High. No fundo dele há uma camada de embalagens de chicletes, bilhetes que Jake colocava sempre que tinha treino e clipes de papel perdidos; na prateleira de cima, uma pequena pilha de roupas de treino bem passadas: dois pares de tênis, três camisas do time, uma embalagem de desodorante usada até a metade, e um perfume. Em menos de quatro meses, vou me formar, e nunca mais verei o interior desse armário, ele será de outra pessoa, e por um segundo fico triste.

É nojento, mas, para ser sincera, sempre amei o cheiro de vestiários: os produtos industriais de limpeza, o desodorante e as bolas de vôlei. Me fazem lembrar que tenho um refúgio, uma coisa em que sou boa sem precisar fingir. É reconfortante.

Flor da meia-noiteWo Geschichten leben. Entdecke jetzt