13. Barreira

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— Mas o que diabos era aquela coisa? Um maldito lobisomem? Nos filmes eles são bonitos! Quer dizer, olha o Jacob de Crepúsculo – Grito quando saio do carro depois de estacionar na frente de casa. Jordan desce da moto e me puxa pela mão até o meu quarto.

— Liga pra Hazel.

Ainda com as mãos tremendo, consigo achar o celular dentro da bolsa e disco os números que sei de cor.

— Ally, é você? — Meu pai diz do seu quarto e eu respiro fundo, tentando controlar a ansiedade na minha voz.

— Sim. A Jordan me acompanhou até aqui e Hazel está a caminho, se não se importar.

Não ouvi resposta e fiquei aliviada.

— Alô? — Hazel atende.

— Oi, graças a Deus, meio que preciso da minha anjinha de Luz — Me afastar de Hazel parecia uma péssima ideia agora, mas tudo ainda era novo, e não sabia se chamá-la de anjinha viria a ser ofensivo para sua... raça?

— Chego em dez minutos.

— Ah, Hazel, qual é — Ouço alguém resmungando ao fundo e franzo as sobrancelhas, me impedindo de desligar.

— Calado, humano — Ela diz e se lembra de encerrar a chamada. Rio ainda sem entender nada e cruzo os braços.

— O que fazemos agora?

— Hazel tem mais conhecimento dessas coisas, então é melhor a gente esperar. Sabemos que era um lobisomem, o problema é que deveria existir uma barreira — Jordan abre um sorriso para me tranquilizar e senta na minha cama, mas é tão falso que não cumpre o objetivo.

— Ótimo, sou muito boa em esperar.

Automaticamente levo os dedos à boca e começo a roer as unhas, nervosa até demais com toda essa situação. Como se já não bastasse todas as coisas bizarras que me rondavam, o meu dia ficou bem mais sinistro que eu imaginei que seria. Nunca mais faço nenhum desejo, pois meus desejos viravam karma.

Jessica de repente decidiu que anos de amizade eram facilmente esquecidos por uma simples luta de poder, então resolveu de novo espalhar boatos, e dessa vez eram sobre a fidelidade questionável do meu falecido namorado.

Peter parecia tão interessado na história americana que convenientemente se apaixonou pelo ensino e agora sua nova carreira consistia em lecionar, não esquecendo de colocar uma observação mental: Eu já era sua aluna favorita.

Para terminar o desastre, uma criatura assustadora tinha surgido no meio da noite em um cemitério vazio (nada clichê) e anunciado que uma corrida pela minha cabeça tinha começado, o prêmio estava nas alturas.

E apesar disso tudo, a única pergunta que realmente importava aquela noite era: Quem é "O Mestre"?

— Tudo bem, já chega — Ouço Jordan dizer e saio do meu transe — Tá sangrando.

— O quê?

— Seus dedos.

Abaixo meu olhar pra minha mão e percebo que a pele em volta das minhas unhas está quase em carne viva. Sinto o enjoo chegando na hora e fecho os olhos com força, limpando os dedos na blusa.

— Odeio sangue.

— Isso é uma grande ironia.

— Pois é, acho que no outro dia no vestiário eu nem sabia o que estava fazendo – Solto uma risada sem graça.

— Você é forte, Allyson, só precisa de algo que prove isso pra si mesma.

Por que Jordan adorava fazer essas coisas comigo? Ela vivia orquestrando algo que me deixasse desconfortável. Primeiro tinha jogado uma bomba no meu colo: éramos fadadas a nos apaixonar. Mas como Jake estava na jogada, ela não podia fazer nada, e mesmo assim, parecia me galantear apenas para me deixar confusa. Ou e se agora que Jake não estava mais na jogada ela pensou que poderia...?

Flor da meia-noiteWhere stories live. Discover now