27. Adina de Riverland

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Era mais uma lembrança, como aquelas que eu tive de Amélia e Aura, mas tinha um pouco de reconhecimento. Percebi que era a lembrança da Adina, os resquícios dela que ainda haviam ficado em mim. Bufei quando percebi que estava descalça e comecei a andar.

Ela era ruiva, os olhos, como esperado, do mesmo tom de azul que os meus. Os fios de cabelo laranja, extremamente lisos e longos estavam arrumados em um penteado para trás. O vestido era incrível, em um tom de cinza cheio de mandalas verdes de diferentes tamanhos em ordem aleatória. Adina estava acompanhada de um cara loiro muito bonito, estavam de braços dados e sorriam um para o outro. Corro para tentar ouvir a conversa.

— Encantador como sempre, Lorde Lancel.

— Ah Lady Adina, é muita gentileza. Mas responda-me uma coisa, como a senhorita e o resto do conselho estão lidando com... — Lorde Lancel olha para todos os lados e depois completa sussurrando — As ameaças?

— O Castelo Dunluce está seguro, eu garanto.

— Mas e toda Riverland? Como pode garantir?

— Eu sou a Filha da Profecia, Lorde Lancel, não é sensato duvidar de mim. Mas já que perguntou, tenho muitos soldados leais a mim, soldados muito bem treinados.

— É claro, Milady — Os dois se sentam perto de uma fonte — Mas Riverland não é mais a mesma cidade.

— Ainda é o refúgio mais seguro para os Nephilins nesse momento — Adina pousa uma mão sobre o colo e com a outra passa no busto, como se procurasse um colar que não está mais lá, então suspira — Não entende, Lorde Lancel? Estou cansada de apenas fugir.

— Eu concordo com a senhorita, mas...

— Então acabamos por aqui, vou mandar mais homens para as Ilhas Skelig, o senhor pode voltar pra lá com as instruções que lhe dei.

— Foi um prazer, Milady.

— Igualmente — Adina sorri quando o loiro se levanta e faz uma reverência desajeitada.

Eu queria poder toca-la, conversar com ela e perguntar milhares de coisas, já que eu nunca a tinha visto, apenas escutado sua voz na minha cabeça.

Aí depois me toquei de que aquela ainda era eu, ela ainda fazia parte de mim, embora ela fosse assustadoramente mais bonita que eu agora. O cabelo era perfeito, o sorriso era perfeito, ela era um guerreira que se preocupava com seu povo sem precisar de uma intensificação. Uma guerreira que nunca serei.

— Adi! — As duas nos viramos ao mesmo tempo, observando Jordan andando até nós, com uma armadura delicada feita sob medida por cima do vestido preto. Ela a pega em seus braços e a gira no ar — Estava com saudades.

— Sabe que não deve me chamar ou me tocar assim quando estamos ao ar livre, sob olhares de outras pessoas — Adina diz com uma careta, e Jordan beija seu rosto, mas é possível notar o sorriso até em seus olhos.

— É simples, vamos para o seu quarto.

— Lady Benacci! — Ela a repreende rindo — Os Arcanjos não ficariam nada felizes com isso, na verdade, já não estão. Tenho medo que façam algo contra nós.

— Não me importam os Arcanjos, eu amo você. Eu amo você!

— Também amo você, agora cale-se — As duas sorriem e se aproximam para um beijo. Viro o rosto sem querer ver a cena.

— Então vamos falar para todos de Riverland — Jordan e Adina começam a andar em direção à um castelo de pedra enorme e eu as sigo novamente.

— Sabe que não é tão simples. Você é um anjo, eu sou apenas uma Nephilim, ninguém lá em cima gosta de Nephilins, já tentaram acabar com a gente uma vez. Além de comandar o Castelo, tem toda a Riverland, e um acampamento parece estar se deslocando para os limites, isso está me preocupando. Meus conselheiros dizem que tenho me casar com Lorde Lancel, precisamos das Ilhas Skelig.

Flor da meia-noiteWhere stories live. Discover now